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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

6° Cap. de LUA NEGRA/VERSÃO DE Luan Nova - Ponto de vista de Edward cullen


Eu fugi novamente. Mas desta vez foi para poupar minha própria família. Não haveria nenhuma dor para eles... apenas constrangimento.

Agora que eu estava longe de Jasper... as emoções tornavam a me inundar. Eu tentei com toda força deixá-las para trás, correr delas, mas elas começaram lentamente escorrer de volta pela minha mente.

Afastei-me andando mais rápido. Eu podia ouvir os veículos em uma estrada a poucos quilômetros de distância. Eu queria e precisava de silêncio e solidão. Meus músculos começaram a doer e meu ritmo abrandou involuntariamente. Eu me sentia ofegante.

Seria possível que eu estar começando a ficar cansado? Eu nunca tinha experimentado a necessidade de parar de correr. Eu não podia ficar cansado. Eu empurrei meu corpo para frente. Ele não respondeu. Eu me senti totalmente drenado. A dor que eu sentia me enervava. Desacelerei para uma parada depois de um minuto. Não havia ninguém nem nada por perto. Eu só ouvia a brisa da noite delicadamente assobiando por entre as árvores agora.

Minha resistência para controlar meus pensamentos era inútil... então eu me sentei, segurei meus braços ao redor dos joelhos e deixei minha mente libertar-se. Deixei a dor me engolir. Ela bateu em mim como o golpe de mil facas. Clamei em agonia, um uivo de dor escapando pela minha garganta e cai ao solo aniquilado.

Bella. Minha Bella. As lembranças me afogaram.

Lembrei o primeiro dia em que notei Bella... ela era apenas outro ser humano. Mas, era como se ela me provocasse por eu ser incapaz de ler sua mente, me deixando extremamente frustrado, porque eu nunca tinha encontrado um ser humano ou mente que eu não pudesse ler.

Depois, aquele momento fatídico quando eu senti seu perfume inebriante, que despertou meus instintos selvagens. Eu quase tinha matado uma sala inteira de alunos, só para provar o sangue da menina, que irradiava um alucinante cheiro doce de fréesia. Eu tive que sair da cidade para me impedir de matá-la. Eu devia ter ficado longe então. Eu nunca deveria ter retornado para Forks.

Mas a verdade era que Bella me fascinou e eu não queria ser forçado a deixar a cidade que eu gostava, me sentindo insignificante por não saber me controlar. Eu não poderia ter sido mais arrogante! Eu deveria ter me colocado fora da vida de Bella desde o início... de forma que ela nunca se apaixonasse por mim, nem se envolvesse no sinistro mundo ao qual eu pertencia.

Tantas coisas que eu deveria ter feito... mas não fiz, e tudo porque eu era uma criatura profundamente egoísta. Eu realmente me desprezava por ferir Bella e colocá-la constantemente em perigo. Foi o ato mais egocêntrico e cruel que eu já havia cometido. Nada poderia me fazer sentir tão culpado... nem mesmo assassinato.

Meus olhos doíam com a necessidade de lágrimas. Meu corpo congelado estremeceu violentamente como um choro sem lágrimas que me afogava no meu próprio vazio. Deixei para trás muito mais do que eu previa quando saí de Forks. A parte de mim que ainda abrigava Bella... meu coração. Meu peito vazio queimava com a solidão. Eu achava que nada queimaria mais que a dor da transformação. Estava errado.

Bella me fazia sentir humano. Eu sempre senti meu coração congelado, mas quando a pele dela encostou na minha pela primeira vez, eu derreti sob o seu toque... sua pele quente enviou uma emoção de êxtase através de mim. Eu tremia de prazer com o pensamento de tocá-la. Ela era tão quente e amorosa... não se importando que eu fosse um monstro... ela me abraçava.

Ah, como eu desejava voltar para os braços de minha amada. Sentir seu calor.

Eu ainda me sentia humano agora... ainda que Bella não estivesse mais comigo. Eu sentia todas essas emoções que brotavam do humano enterrado dentro de mim, que Bella tinha feito renascer.

Fiquei imaginando o que Bella estaria fazendo agora. Será que ela estava pensando em mim, como eu estava pensando nela? Será que ela ainda se sentia machucada pela minha partida? Estava com raiva de mim, pensando que eu a tinha enganado?

Mais uma vez me senti agonizar. A imagem de Bella apareceu na minha cabeça com a memória da minha partida, repetida em minha mente. Eu assisti em minha mente, a contragosto, ela acreditar que eu não a queria... como se tal coisa fosse possível!

Eu me vi fugir como um covarde, deixando minha Bella frágil, sozinha na borda de uma floresta. Deixá-la ali tinha sido um erro... outro erro. E se algo acontecesse com ela? Eu a tinha ouvido me chamar e dar alguns passos atrás de mim. Será que ela tentou me seguir? Por que ela teria feito isso? Ela poderia se perder ou pior... se ferir, e eu a deixei lá. Eu não podia suportar pensar nas conseqüências.

Não. Bella tinha prometido... nada imprudente ou estúpido. Eu tinha pedido a ela para não andar na floresta sozinha, ela sabia que eu considerava isso imprudente. Eu não tinha motivo para me preocupar... Bella tinha prometido.

Cavei com os dedos a terra debaixo de mim, tentando agarrar alguma coisa para impedir minha queda naquele abismo mental. Isso não ajudou nada... só me sujei e a dor não se acalmava. Eu estava dilacerado. Eu tinha sido rasgado em milhares de pedaços. Eu nunca seria consertado. Apenas Bella poderia me tornar inteiro novamente.

Eu insisti em afirmar para mim mesmo, que eu tinha feito a coisa certa por Bella, pela primeira vez. Manter sua segurança era tudo que importava. Deixar Bella era o meio para um fim.

Eu caí na terra, enrolado como uma bola e deixei a miséria me engolfar. Eu tinha certeza que a quantidade de dor que eu estava sentindo iria lentamente me torturar até a morte. Saudei-a, porque eu sabia que merecia sofrer.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei em posição fetal... nem me importava. Minha mente estava nublada com o pensamento em Bella. Sua mente inacessível que eu desejava ler. Seu cabelo castanho sedoso sobre os ombros. Seu aroma delicioso que deixava a minha garganta em chamas. Seus convidativos olhos castanhos chocolate, que me mostravam o caminho para sua alma. Ela era tão perfeita.

Em algum ponto durante aquela longa noite, eu percebi que já havia revisto com minha memória infalível todas as minhas lembranças de Bella e cada segundo que eu tinha passado em sua presença. Eu sentia falta dela terrivelmente. Eu me perguntei se ela sentia falta de mim. Quanto tempo levaria para ela esquecer? Eu esperava que ela pudesse me esquecer mais rapidamente, superando a tristeza e desfazendo sua ligação comigo, uma vez que eu tinha eliminado todos os rastros da minha presença.

Mas eu gostaria de ter alguma coisa... qualquer coisa de Bella para manter a sua presença comigo... como uma fotografia ou um pedaço de sua roupa que ainda tivesse seu cheiro. Amaldiçoei-me por esconder as fotos que eu tinha retirado da casa de Bella.

De repente, minha mente estalou, quando me lembrei. Eu tinha algo que tinha pertencido a Bella. Coloquei a mão no bolso das minhas calças e tirei algo que teria parecido insignificante para uma pessoa normal... mas, para mim, era a única ligação que eu tinha com Bella naquele momento... uma pequena coisa que significava tudo.

A tampa do frasco, da garrafa de limonada que Bella estava bebendo no primeiro dia em que sentei com ela na hora do almoço. A tampa que ela havia rolado entre seus dedos inúmeras vezes. Eu a tinha guardado por que não podia ficar longe dela. Precisava de alguma coisa que ela havia tocado... acariciado.

Eu me senti ainda mais fraco. Não, desta vez, eu não seria tão débil ou egoísta... eu me manteria longe. Eu finalmente consegui me sentar para examinar o objeto na mão. Era uma coisa tão insignificante para segurar... mas havia estado nas mãos de Bella. Ela havia brincando com a pequena tampinha, havia deixado sua energia impregnada nela. Ela era a única pessoa que havia tocado o objeto e isso era importante para mim.

Eu apertava a parte superior da tampa em minha mão, suavemente... de forma a não estragá-la. Continuei apertando e olhei para o céu.

O céu estava vazio e escuro, como eu. Onde estavam a lua... as estrelas? Eu não podia ver claramente. A saudade de Bella nublava meus olhos e agora o céu era negro. Por que estava acontecendo isso comigo? Eu sabia que tinha feito o que tinha que fazer e eu sabia que seria difícil... mas eu nunca tinha imaginado isso.

Então a verdade me atingiu como mais um golpe de punhal fino e inclemente. Meu sol da meia noite, aquele que iluminava o céu da minha vida... a luz que me permitia ver a lua, as estrelas... apagara-se quando deixei Bella para trás... ela ficou com a luz dos meus olhos, deixando o meu céu completamente negro.

Cai novamente no chão e uma canção encheu minha cabeça. A cantiga de ninar de Bella, a música que eu havia feito para embalar seu sono... agora embalava a minha agonia.

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