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domingo, 14 de março de 2010

21° Cap. de Lua Negra __LUA NOVA @_@ de EDWARD



Quanto mais perto eu estava, mais o coração de Bella acelerava. O som era familiar e acolhedor. Mas apesar disso, ela se contorceu tentando fugir do meu abraço. Ela não queria meu contato... mas eu não conseguia mais me manter afastado.

— Por favor, não. — Ela sussurrou.

— Por que não? — Eu exigi. Ela queria realmente libertar-se de mim, ficar fora do meu alcance? Era tarde demais para sermos íntimos de novo?

— Quando eu acordar...

Abri a boca para protestar, mas observando o início de meu protesto, ela rapidamente interveio antes que eu pudesse falar.

— Ok, esqueça isso... quando você partir de novo, já será bem difícil sem isso.

Puxei-a para trás para olhar seu rosto, para mergulhar nos seus olhos... para tentar ver mais uma vez o quanto eu tinha danificado sua alma. Eu tinha admirado Bella a maior parte do tempo que ela dormia, e as pequenas mudanças diárias que eu percebi nela nunca deixavam de me surpreender. Mas agora havia uma mudança física intensa, associada aos fatores emocionais. Seu corpo estava frágil com tanta aflição, exibindo toda a perda de peso e cansaço... tudo por causa do meu abandono.

Eu tinha explicado a ela como eu me sentia... ela já sabia do meu engano, da minha traição, da blasfêmia... eu tinha feito tudo errado, mas por causa do amor que existia entre nós. Ela sabia que era tudo mentira, mas ela parecia irredutível. Será que ela não acreditava no que eu tinha dito a ela?

Eu tinha sido extremamente egoísta....eu ainda não tinha levado em conta os sentimentos de Bella! O que ela sentia? Será que ela me queria? Será que ela ainda me amava? Todas essas questões se repetiam incessantemente em minha mente. Agora, sem dúvida, o tempo era para respostas.

No início eu não conseguia encontrar as palavras que eu precisava para expressar a minha necessidade desesperada de seu amor, para ver se havia um brilho de esperança. O medo da sua rejeição me estrangulava. Como eu poderia sobreviver se ela me abandonasse como se eu a tinha abandonado?

— Ontem, quando eu ia tocar em você, você estava tão... hesitante, tão cautelosa, e ainda continua assim agora. Eu preciso saber o porquê. É porque eu cheguei tarde demais? Porque a magoei muito? Porque você deixou mesmo tudo para trás, como dei a entender que fizesse? Isso seria... — Meu coração estava em frangalhos e minha mente chorava em silêncio... Eu não conseguia encontrar a palavra exata a dizer, sem fazê-la sentir-se pressionada ou sem ser desonesto, por isso, eu fui pelo único caminho a seguir.

— Isso seria ... muito justo. Não vou contestar a sua decisão. Então não tente poupar os meus sentimentos, por favor... só me diga agora se você pode me amar ou não, depois de tudo que eu fiz para você.—

Minhas palavras foram gradualmente perdendo o volume e com o restante do ar eu ainda tinha deixado em meus pulmões sussurrei a palavra definitiva...

— Pode?

— Que tipo de pergunta idiota é essa? — Ela me perguntou zangada

— Só responda. Por favor. — Eu implorei.

Bella olhou para mim por um momento que me pareceu uma eternidade. Minhas entranhas se retorceram, esperando que as palavras de rejeição me golpeassem sem misericórdia.

Nunca alguns segundos tinham parecido tão longos, enquanto eu esperava, segurando minha respiração, buscando um fiapo de esperança em meu coração gelado.

— O que eu sinto por você nunca vai mudar. Claro que eu amo você... e não há nada que você possa fazer sobre isso! — Bella disse alto e em bom tom.

Eu não conseguia acreditar... meu coração parecia querer escapar pela boca... Suas palavras... as palavras que eu ansiava ouvir acenderam um campo de força inquebrantável dentro de mim. Sua pequena declaração tinha restaurado toda a esperança em minha vida.

De repente, eu precisava dela mais do que nunca. Eu precisava de seu toque. Eu tinha que senti-la contra mim. Eu queria acariciar seus lábios.

— Isso é tudo que eu precisava ouvir. — Eu disse, e pressionei meus lábios sobre os dela.

Foi um beijo intenso, urgente e profundo, com todo o fervor que estava pulsando através do meu corpo. Me fez lembrar da última vez que eu tinha beijado Bella - em seu desastrado aniversário.

Foi poderoso. Indomável. Apaixonado. Amoroso.

No entanto, desta vez, a urgência não era só por causa da minha avassaladora necessidade de protegê-la e amá-la. Era também um acúmulo de luxúria e desejo. Todo meu ser palpitava.

Eu empurrei meu corpo contra o dela, sentindo a maciez de suas curvas, enquanto ela passava as mãos no meu rosto delicadamente, como se quisesse reter cada uma das minhas características.

Meu corpo latejava, despertado com o prazer inebriante.

Bella me seduzia com o movimento suave de seus lábios macios, com seus dedos enroscados em meus cabelos, fazendo com que eu a desejasse mais e mais.

Seu aroma estimulante só aumentou o prazer, queimando minha garganta... me levando à loucura.

Me senti cruzando meus próprios limites e toda dor, sofrimento, alegria e emoções fluíram através dos meus lábios.

Eu toquei seu rosto gentilmente com meus dedos, sentindo a suavidade da sua pele.

Ela era irresistivelmente deliciosa e eu tracei o contorno de sua boca com a ponta da minha língua, antes que ela separasse seus lábios e sua língua encontrasse a minha.

Uma emoção de êxtase correu pelas minhas veias incendiando meu corpo inteiro e colocando meu mundo em chamas.

Meu limite fora ultrapassado. Eu sabia que devia parar. Mas eu não conseguia.

Eu me recusava a permitir que nossos lábios se separassem. Não queria jamais perder esse sentimento. Não queria jamais sair do lado de Bella.

Eu precisava me acalmar e me afastei um pouquinho. Apenas um pouquinho pois meus lábios se recusavam a se afastar de Bella.

Nós dois estávamos sem fôlego. Mas isso não nos deixava terminar aquele beijo.

— Bella. — Eu suspirei no breve segundo em que nossos lábios de separaram para em seguida voltar a sentir a quentura, o hálito fresco, o cheiro adocicado de sua boca presa na minha, enquanto meu coração parecia bater a uma velocidade inacreditável, apenas para acompanhar o coração dela.

Só mais um pouquinho - Eu disse a mim mesmo.

Eu podia sentir que o controle começava a escapar de mim, quando segurei Bella ainda mais apertada, pressionado mais e mais os seus lábios macios.

Reuni toda minha concentração e força para terminar aquele beijo, nós dois já sem fôlego. A única coisa forte o suficiente para dominar o meu desejo de continuar o nosso íntimo abraço era meu desejo pela segurança de Bella. Eu não poderia machucá-la. Ela era quebrável. Eu nunca mais iria lhe causar qualquer tipo de dor.

Meu coração gelado parecia pulsar tão rapidamente, quanto o coração de Bella.

Eu já era capaz de falar, uma vez eu consegui controlar a minha respiração irregular e me acalmar um pouco.

— A propósito. Eu não estou deixando você. — Disse fingindo um tom despreocupado

Bella não respondeu, sua respiração ainda descompassada por causa de nosso beijo... o corpo dela era mais lento para se recompor do que o meu. No entanto, ela não parecia convencida com a minha afirmação.

— Eu não vou a lugar nenhum. Não sem você.— – Acrescentei num tom mais sério.

— Só a deixei porque queria que tivesse a oportunidade de ter uma vida humana feliz e normal. Eu podia ver o que eu estava fazendo com você... mantendo-a constantemente à beira do perigo, tirando-a do mundo a que pertencia, arriscando sua vida a cada momento que estava comigo. Então, eu precisava tentar. Tinha que fazer alguma coisa, e parecia que o único caminho era deixá-la. Se eu não achasse que você ficaria melhor sem mim, eu jamais teria tido coragem de partir. Sou egoísta demais. Só você poderia ser mais importante do que aquilo que eu queria... do que eu precisava. O que eu quero e preciso é estar com você, e sei que nunca vou serei forte o suficiente para partir novamente. Tenho muitas desculpas para ficar... felizmente! Parece que você não pode ficar segura, não importa quanta distância eu coloquei entre nós.

— Não me prometa nada. — Bella pediu em um sussurro.

— Você pensa que eu estou mentindo agora? — Eu estava furioso comigo mesmo. Enfurecido... porque eu tinha destruído a última gota de confiança que Bella tivera uma vez em mim.

Droga... droga... Uma mentira tinha aniquilado toda esperança e fé. Uma mentira que causou tanta dor, que forçava Bella a questionar minhas intenções a cada palavra que eu dizia. Uma mentira que tivera o poder devastador de nos rasgar em pedaços.

Bella tinha trazido à luz de volta em minha vida, só com sua presença. Ela também trouxe alegria para minha vida, mais uma vez, por me amar. As feridas que eu tinha criado no Bella não podiam ser curado imediatamente. Eu tinha de ser paciente. Seria mais fácil do que passar uma década ajoelhado...

Bella balançou a cabeça.

— Não me prometa nada. – Ela sussurrou. Se me permitisse ter esperanças e nada acontecesse... isso me mataria. Todos aqueles vampiros impiedosos não conseguiram acabar comigo, mas a falta de esperança conseguiria.

Mai uma vez eu deixei escapar um brilho de raiva pelos meus olhos. Eu realmente merecia isso.

— Acha que estou mentindo agora? — Eu sibilei baixinho

— Não... Não esta mentindo... — Ela sacudiu a cabeça, acho que tentando coordenar suas idéias.

— Você pode estar sendo sincero... agora. Mas, e amanhã, quando você pensar em todas as razões de sua partida? Ou no próximo mês... ou quando o Jasper me der uma dentada?—

Eu vacilei com aquela memória involuntária reproduzida em minha cabeça. Eu tinha revisto isso uma enorme quantidade de vezes desde que o incidente tinha ocorrido e não parava de me horrorizar.

— Você pensou bem na primeira decisão que tomou, não foi? Você vai acabar fazendo o que você acha que está certo. — ela finalizou.

Eu estava decido a ficar e Bella tinha garantida essa decisão de permanecer em Forks, pela afirmação de seu amor. Eu sabia que não tinha forças deixá-la novamente, mesmo que Bella não tivesse me devolvido seu amor. Eu não podia sequer pensar nas conseqüências, se ela tivesse me abandonado... eu sabia que não teria sucesso em tentar continuar existindo sem ela.

Agora eu sabia que Bella ainda me amava, e o pensamento de deixá-la era asfixiante, insuportável. Eu já sabia que eu jamais sairia de seu lado novamente. Sempre pedindo perdão e confiança, se é isso fosse possível.

Era estranhamente irônico como nós dois tínhamos estado com nossas mentes enevoadas para julgarmos um ao outro naqueles momentos cruciais .... nos tornando tão inseguros e incapazes de acreditar um no outro.

Eu me sentia profundamente ferido porque Bella não acreditava no que eu estava dizendo. Parecia tão doloroso quanto ela acreditar na minha mentira na floresta, mas agora eu estava dizendo a verdade definitiva. Eu merecia isso...

— Eu não sou tão forte como você pensa. O certo e errado deixaram de significar muito para mim, eu estava voltando de qualquer maneira. Antes de Rosalie me dar a notícia, eu já deixara de tentar viver uma semana de cada vez, ou mesmo um dia. Lutava para suportar uma única hora. Era só uma questão de tempo... e não muito... para eu aparecer em sua janela e implorar que me recebesse de volta. Eu imploraria com prazer agora, se assim você quisesse.

— Seja sério, por favor. — Bella franziu a testa.

Eu poderia entender sua hesitação em acreditar, mas tudo de novo era exasperante. Eu queria Bella compreendesse exatamente como eu me sentia a respeito dela. Como ela era importante. Porque eu a havia procurado durante toda minha existência sem mesmo saber disso. Porque eu precisava dela. Assim insisti.

— Ah, eu não estou brincando. Poderia, por favor procurar ouvir o que estou tentando lhe dizer? Vai me deixar explicar o que você significa para mim?

Olhei para Bella atentamente por algum tempo. Quando ela não respondeu, eu tomei isso como um sinal de que ela estava ouvindo e continuei.

— Antes de você Bella, minha vida era como a meia noite, uma noite sem lua. Muito escura, mas haviam estrelas... pontos de luz e razão ... E então você apareceu em meu céu, como... o sol em plena meia noite. De repente, tudo estava em chamas, havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, a luz desapareceu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver as estrelas. E não havia mais razão para nada.

Talvez agora ela entendesse a noite mais escura que eu havia atravessado desde nossa separação.

— Seu olhos irão se ajustar. — Bella murmurou tristonha.

— Esse é o problema... eles não podem.

Eles tentaram... eu tinha procurado de todas as formas fazê-los enxergar, mas não conseguira. As estrelas e a lua, a luz e a razão, estavam presente na minha vida apenas enquanto Bella também estivesse. Sem ela tudo se apagava, minha existência era negra e vazia

— E a suas distrações? — Bella perguntou.

Eu ri sem nenhum vestígio de humor... como se alguma coisa pudesse tirar minha atenção de Bella. Como se alguma coisa pudesse ser mais importante que ela. Ela estava em cada pensamento que eu formulava. Tudo girava em torno de Bella.

— Apenas parte da mentira, meu amor. Não existem distrações para a agonia.—

— Meu coração não batia havia quase noventa anos, mas isso era diferente. Era como se meu coração não estivesse ali... como se eu estivesse oco. Como se eu tivesse deixado com você tudo o que havia dentro de mim. — Eu respondi, com toda a sinceridade.

— Isso é engraçado. — Ela falou

— Engraçado? — Questionei, um pouco confuso. Isso era divertido? Como ela poderia achar alguma graça nos meus sentimentos mais desesperados, pensei com uma pontada de mágoa.

— Eu quis dizer estranho, — ela explicou

— Eu pensei que era só comigo. Também faltaram muitos pedaços de mim. Eu não consegui respirar por muito tempo. — Ela fez uma pausa para inspirar profundamente.

Lembrei-me do tormento de não ser capaz de respirar. Mas eu não queria exalar, com medo de perder minha única conexão com Bella – seu perfume. Tinha medo de inalar o ar puro, estranho e insípido, que apagaria seu cheiro de fréesia .

— E o meu coração. Esse foi definitivamente perdido. — Bella continuou.

A culpa me fustigou novamente, eu fechei os olhos e coloquei a cabeça levemente em seu peito para ouvir o som do seu coração bater mais claramente. Ali aconchegado eu tive a esperança de que agora me acreditasse. Ou talvez não...

Mas Bella me amava. E eu a amava. Ela era realmente a minha Bella novamente.

Fiquei muito feliz por isso e faria qualquer coisa para preservar o nosso amor. Eu tinha que protegê-la. Proteger o amor que compartilhamos. Protegê-lo dos perigos que nos fossem impostos.

E isso significava consertar certas coisas. Victoria era a prioridade principal. Agora eu sabia seu destino, suas intenções. Eu iria encontrá-la. E desta vez eu não iria falhar.

Bella descansou a bochecha no alto da minha cabeça.

— Rastrear não foi uma distração então? — Perguntou

— Não. Isso nunca foi uma distração. Era uma obrigação. — Respondi sério

— Como assim?

Eu hesitei, questionando se devia dizer a dizer Bella a absoluta verdade sobre a minha tentativa rastreamento, mesmo que pudesse provocar outra decepção. Quando parti Forks, eu tinha prometido a ela que eu não iria interferir com a sua vida novamente.

Embora ela não estivesse envolvida ou mesmo presente naquela busca, a causa principal era ela, era eliminar a criatura insensível que tinha ameaçado a vida de Bella. Eu decidi que ia ser honesto com Bella... ela precisava saber a verdade, mesmo eu estando envergonhado pelo fracasso.

— Embora eu nunca tivesse esperado nenhum perigo de Vitoria, não ia deixar que ela se safasse... bem, como eu disse, fui péssimo nisso. Eu a rastreei até o Texas, mas depois segui uma pista falsa até o Brasil... e ela na verdade tinha vindo para cá... — eu grunhi — Eu não estava nem no continente certo. E nesse meio tempo, pior do que meus piores medos...

— Você estava caçando, Victoria — Bella gritou interrompendo-me. O volume de sua voz fez o ronco de Charlie falhar enquanto dormia no quarto ao lado. Felizmente ele não acordou.

— Não me saí muito bem. — Admiti infeliz, examinando sua expressão de ultraje. - — Mas farei melhor da próxima vez. Ela não vai polui o ar perfeito que respiramos por muito tempo.

— Isso está ... fora de questão. — Bella disse severamente, os olhos febris.

Eu não entendi sua raiva. Era compreensível que Victoria não pudesse continuar sua perseguição. E só havia um meio de acabar com isso... o pensamento do que ela poderia, ou melhor, o que ela seria capaz de fazer se tivesse tido chance, enviou um sentimento terrível e gelado de desgosto pela minha espinha.

— É tarde demais para ela. Posso ter deixado escapar aquela oportunidade, mas agora não... não depois...

— Você não prometeu que não ia embora? — Bella me interrompeu - — Isso não é exatamente compatível com uma longa expedição rastreamento, é? — Ela perguntou.

Eu percebia a cautela em seu tom, mas senti um rosnado se formar em meu peito.

— Eu vou manter minha promessa, Bella. Mas Victoria – eu simplesmente rosnei aquele nome - vai morrer. Em breve. — Minha raiva aumentou, formando um trovão no fundo da minha garganta, como acontecia cada vez que pensava na vampira ruiva perambulando com a intenção de assassinar minha Bella.

— Não vamos ser precipitados. Talvez ela não volte. A matilha de Jake deve tê-la espantado. Não há realmente nenhuma razão para ir à procura dela. Além disso, eu tenho problemas maiores que Victoria.

Admirei Bella por sua tentativa de me acalmar, mas podia ver o medo debaixo de sua fachada de tranqüilidade. Fiquei agradavelmente surpreso por que Bella tinha percebido afinal que os lobisomens eram perigosos. Talvez não fosse muito difícil de eliminar a sua presença da vida dela, depois de tudo.

— Isso é verdade. Os lobisomens são um problema. — Falei.

Bella bufou.

— Eu não estava falando de Jacob. Meus problemas são muito piores do que um punhado de lobos adolescente se metendo em encrencas.

Meus dentes trincaram. Obviamente, o meu pensamento estava errado. Eu estava prestes a discordar dela e argumentar que os lobos eram de fato um grande problema, mas pensei melhor. Eu não queria aborrecer Bella falando sobre sua nova matilha de amigos.

— Sério? Então, qual o seria o maior problema. O que, em comparação, faria de Vitoria uma questão menor? — Perguntei um tiquinho debochado

— Que tal o segundo maior problema?

— Tudo bem. — Concordei um pouco apreensivo em relação a outros perigos que eu ainda não sabia.

— Há outros que virão atrás de mim. — Bella sussurrou.

Suspirei em uma onda de alívio, entendendo. O alívio era porque não existia nenhum perigo adicional. Ela falava dos Volturi que não representavam naquele momento uma ameaça significativa, pelo menos para os próximos anos.

— Os Volturi são só o segundo maior problema? — Eu perguntei, imaginando o que poderia ser tão ruim, para merecer o primeiro lugar.

— Você não parece muito chateado com isso. — Ela observou

— Bem, nós temos bastante tempo para pensar sobre isso. Tempo para eles significa algo muito diferente do que para você, ou até mesmo para mim. Eles contam anos do jeito que você conta os dias. Eu não ficaria surpreso se você tivesse trinta anos antes de passar pela cabeça deles de novo. — Acrescentei quase alegre.

Bella ficou pálida, a cor drenada de seu rosto, uma expressão horrorizada. Seus olhos ficaram novamente cheios de lágrimas que ameaçavam cair a qualquer instante.

— Você não precisa ter medo. Eu não vou deixar que a machuquem. — Eu a tranqüilizei.

— Enquanto você está aqui. — Ela chorou.

Eu gostaria que ela pudesse acreditar em mim de fato. Que apenas confiasse em mim o suficiente para saber que eu nunca deixaria de estar ao seu lado. Peguei seu rosto em minhas mãos e olhei para ela profundamente, sem piscar.

— Eu nunca vou deixar você de novo.

— Mas você disse trinta. Como? Você vai ficar vai deixar que eu envelheça assim mesmo... tudo bem.

— Isso é exatamente o que eu vou fazer. Que escolha tenho eu? Eu não posso viver sem você, mas não vou destruir sua alma. —

— Isso é realmente ... — A voz de Bella sumiu antes de ela terminar de falar.

— Sim? — Incentivei-a a continuar.

Ela hesitou por um momento e então começou a falar novamente. Mas ela mudou sua pergunta.

— Mas o que vai acontecer quando eu ficar tão velha e as pessoas pensarem que sou sua mãe? Sua avó? — Ela falou com voz fraca.

Eu podia ver a tristeza em seus olhos, em sua alma. Não que eu não quisesse que ela se tornasse parte da minha família. Eu queria mais do que qualquer coisa... que fossemos criaturas iguais, para podermos realmente estar juntos, como um par adequado. Mas eu não podia destruir sua vida humana. Recusei-me a considerar o monstro que ela queria ser. Eu não iria destruir sua a alma... era seu bem mais precioso.

As lágrimas correram pelo rosto de Bella e eu me inclinei beijando cada uma em seu caminho rosto abaixo.

— Isso não significa nada para mim. — Murmurei encostando meus lábios em sua pele.

— Você sempre será a pessoa mais bonita no meu mundo. É claro que ... — Fiz uma pausa, tentando avaliar o significado do pensamento doloroso em minha mente... Bella ficando mais madura, querendo mais de sua vida humana, talvez... se cansando de mim e querendo um homem, que lhe proporcionasse outras emoções... deixando-me para trás em forma congelada. Estremeci com a idéia... mas se fosse isso que Bella quisesse, eu teria de deixá-la ir, eu não teria escolha.

— Se você me ultrapassar... se você quiser algo mais... eu entenderei. Eu prometo que eu não vou ficar em seu caminho, se você quiser me deixar. — Terminei com toda a sinceridade que tinha.

— Vocês se dá conta de que eu vou morrer um dia, não é?

É claro que eu me dava conta disso e eu sabia que quando isso acontecesse eu iria acompanhá-la na morte, eu não existiria mais sem ela. Minha recente viagem à Itália era prova disso.

— Eu a seguirei logo, assim que puder.

— Isso é seriamente ... doentio. — Bella disse em um tom chocada.

— Bella é a única maneira certa. — Eu tentei argumentar, mas ela interveio mostrando um tom na de voz quase de raiva.

— Vamos recapitular um minuto. Lembra-se dos Volturi, certo? Não posso ficar humana para sempre. Eles vão me matar. Mesmo que eles não pensam em mim até que eu tenha trinta, você realmente acha que eles vão esquecer?

Eu balancei a cabeça solenemente.

— Eles não vão esquecer. Mas ...

— Mas?—

— Tenho alguns planos. — Sorri, pensando de novo naquela revelação que tive de Bella enquanto ela dormia.

Demetri era o mais difícil de evitar, e eu devia elaborar um plano para evitá-lo, em primeiro lugar.

— E esses planos estão baseados na minha permanência como humana. — Bella praticamente sussurrou a palavra — humana — como se fosse uma palavra desprezível.

— Naturalmente. — Eu concordei com alguma arrogância.

Bella olhou para mim. Por que ela implorava para ser um monstro? Ela me teria pelo tempo que durasse sua vida humana.

Olhei para ela garantindo que a minha expressão irredutível a fizesse perceber que minha decisão não poderia ser mudada.

Bella respirou profundamente e mais uma vez eu quis ardentemente saber onde seus pensamentos estavam.

De repente, ela me surpreendeu ao sentar-se, com uma expressão ainda mais determinada que a minha, em seu rosto.

— Você quer me deixar? — Eu perguntei, tentando não deixar o meu tom de voz ferido. Eu não poderia ficar se ela me dissesse para ir embora.

— Não, eu estou saindo.

— Posso perguntar onde você está indo? — Falei apreensivo, enquanto assistia sua busca, provavelmente pelos sapatos, porque ela continuava vestida com as mesmas roupas que tinha voltado na da Itália.

— Eu estou indo para sua casa.—

Agarrei seus sapatos perto de sua cama, tentando esquadrinhar que motivos ela teria para querer ir à casa da minha família no meio da noite. Alguma coisa dentro de mim gritava que sua visita não planejada era, de alguma forma, um meio para contornar a minha decisão de mantê-la humana.

Aqui estão seus sapatos. Como você pretende chegar lá?

— Na minha picape. — Bella respondeu.

— Isso provavelmente vai acordar Charlie. — Eu informei esperando que ela reconsiderasse a sua saída e voltasse para meus braços. Ela poderia ver minha família de manhã... seriam apenas algumas horas a mais.

Ela suspirou.

— Eu sei. Mas, honestamente, do jeito que as coisas estão vou ficar de castigo durante semanas mesmo. Que problemas mais posso ter?

— Nenhum. Ele vai me culpar, não você.

— Se tiver uma idéia melhor, sou toda ouvidos.

— Fique aqui. — Insisti sem esperanças.

— Sem chance. Mas você pode ficar, sinta-se em casa. — Ela disse dirigindo-se para a porta do quarto.

Virei-me em um movimento rápido cortando sua passagem na frente da porta, impedindo sua saída. Bella fez uma careta para mim e teimosamente se voltou para a janela.

Que diabos ela estava pensando? Ela iria pular pela janela... quebrar um a perna! Suspirei derrotado.

— Ok, vou lhe dar uma carona. — Falei resignado

— Tanto faz. Mas acho que você talvez devesse estar lá também..

— E por que isso? — Questionei.

— Porque você é extremamente apegado às suas opiniões e tenho certeza de que vai querer ter a oportunidade de expressá-las.—

A minha opinião sobre qual assunto? — Eu sibilei entre os dentes cerrados, tendo certeza de meu pressentimento estava correto.

— Isso não diz mais respeito apenas a você. Você não é o centro do universo, você sabia. Se você pretende enfrentar os Volturi por causa de algo tão estúpido como me deixar humana, então sua família deve se pronunciar.—

— Se pronunciar sobre quê? — Eu disse lentamente, não necessariamente querendo ouvir a resposta... mas pior, já sabendo qual seria...

— Minha mortalidade. Vou colocá-la em votação.
Engoli em seco todo o emaranhado de angústia que retorcia meu corpo.




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