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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Lua Negra - versão EDWRAD - LUA NOVA

Bom pessoal tá ai não vou posta mais hj outros cap. mais amanha postarei o outro. Pois este cap. é grande. bjs Kris.
Não se esqueção de mandar depoimentos e mais ainda me sigam. bjs ..bjs....e OBG pela visita. fiquem avontades meus amores...vcs é quem fazem este blog ficar lindo.



3 - O Fim

Parte 1 - Nova Máscara

O sol finalmente começou a subir por trás das grossas nuvens cinzentas da nublada Forks, após o que pareceu ser uma das mais longas e dolorosas noites da minha existência. Eu tinha passado a noite inteira lutando contra o desejo de tomá-la em meus braços protetoramente, com um abraço em ferro fundido, o que certamente iria esmagá-la e matá-la instantaneamente. Como eu poderia protegê-la, apesar de tudo?

Eu e minha família somos o maior perigo para Bella e tínhamos chegado tão perto de matá-la na noite passada. Não, eu não queria, mas precisava analisar a noite de ontem, a festa de aniversário de Bella em minha casa.

Recusei-me mais uma vez a pensar nisso, mas por ser um vampiro, várias coisas poderiam ocupar minha mente ao mesmo tempo. Embora eu tenha dado o meu melhor, para afastar a memória da noite passada da minha mente, era como se as lembranças estivessem gritando para mim, não querendo me deixar esquecer e não me permitindo pensar em algo ou em qualquer outra coisa. Foi uma tortura.

Eu sentia frio. Sendo uma criatura - o monstro que sou, eu e minha família – estávamos acostumados a passar a sensação de frio para os outros, mas eu nunca senti frio. E eu não gostava da sensação. Eu estava congelando na minha forma já fria. Eu podia sentir uma nova máscara se formando em meu rosto, uma que eu nunca tinha experimentado antes. Ela estava gravada em meu rosto desde que Rosalie e Emmett tinham arrastado Jasper para fora, na noite passada. Embora eu não pudesse ver esta minha nova expressão, eu podia sentir que era de choque, agonia pura carregada de culpa, de dor. Ela permaneceu imutável em meu rosto durante a noite.

As únicas interrupções aos gritos em minha cabeça ocorriam somente quando Bella se mexia durante o sono, o que aconteceu muitas vezes. Eu não poderia deixar de ser grato por sua agitação, pois enquanto ela estava irrequieta, os gritos cessavam na parte dominante de minha mente para eu observar Bella, e fiquei imaginando se ela estava bem, tendo algum pesadelo, ou pior ainda - se ela estava com dor. Se realmente ela estivesse com dor, eu não poderia ajudar, restando-me tão somente me encolher um pouco longe dela, porque eu sabia que se Bella estava, de fato, com dor, a culpa era minha.

Apesar de sua agitação, Bella dormiu com relativa serenidade. Ela murmurou meu nome várias vezes, mas eu não estava satisfeito com isso como normalmente ficava, porque eu tinha certeza que eu era parte do pesadelo que ela estava tendo.

Enquanto os raios da manhã surgiam lentamente, uma luz diferente acendeu-se em mim. Eu sabia o que tinha que fazer para proteger minha Bella. Só que ela não seria mais a minha Bella depois disso. Uma nova expressão foi adicionada à faceta de dor em meu rosto; a determinação inabalável do que eu pretendia fazer. Pensei rapidamente porque eu sabia que Bella logo estaria acordando.

Bella.

Ah, como eu desejava poder ficar com ela para sempre. Sempre a segurando suavemente em meus braços. Sempre sentindo o aroma doce do seu fluxo sanguíneo nas veias debaixo de sua pele.

Para sempre.

Mas eu não teria Bella para sempre.

Bella era apenas um ser humano frágil. E sua vida humana estava sendo ceifada pela minha própria existência. A cada segundo que ela passava na minha presença e de minha família, sua vida corria extremado perigo.

Bella de repente abriu os olhos; ela piscou algumas vezes e, em seguida, olhou diretamente para mim. Olhei em seus olhos castanhos por uma fração de segundo e então forcei meus olhos para desviar o olhar. Toda vez que eu olhava em suas belas íris castanho-chocolate, eu tinha certeza que eu poderia ver a sua alma e isso me tirava o fôlego.

Sua noite agitada se tornou evidente em seu rosto cansado quando ela bocejou, empurrando seu corpo para frente para se sentar.



Parte 2

Interrogação

Eu não podia retirar a estática máscara de meu rosto, então, rapidamente e sem palavras, dei um beijo na testa de Bella e saltei pela janela de seu quarto, pousando levemente em meus pés, com um baque suave.

Eu me atirei por entre as árvores em silêncio e corri até a floresta, em direção a minha casa, enquanto eu deixava os meus pensamentos vagarem por minha mente.

Eu estava certo de que Alice havia previsto meu plano e avisado o resto de minha família, a menos que estivesse ainda muito focada em Jasper. Mas certamente ela teria visto minha decisão... a procura de um furioso ataque atrasado de minha parte... o que eu queria desesperadamente fazer, como eu faria com qualquer pessoa que, mesmo em pensamento, tentasse ferir Bella.

Contudo, eu não atacaria Jasper. Ele era meu irmão em muitos aspectos e ele já tinha uma quantidade de sofrimento imensa neste momento. Por causa de seu passado sofrido e violento eu sabia que era muito mais difícil para ele controlar sua sede por sangue humano.

Enquanto eu recordava os acontecimentos da noite anterior, eu comecei a ouvir o fluxo do rio ao lado da minha casa e sabia que chegaria a ela em poucos segundos. As árvores em volta começaram a rarear rapidamente enquanto eu corria em alta velocidade.

Eu podia ouvir os pensamentos da minha família quando me aproximei, mas eu bloqueei todos eles - eu tinha que me concentrar em algum plano para convencer minha família que esta era a coisa certa a fazer. Eu teria que encontrar Bella no estacionamento da escola em pouco menos de uma hora e eu teria que me recompor e tentar o meu melhor, agindo com normalidade, para que ela não suspeitasse de nada.

Eu ouvi Alice dizer no interior da casa. — Edward está quase chegando. Naquele mesmo momento, eu entrei pelo jardim ao lado da minha casa. Pulei para os degraus da varanda e corri pela porta da frente.

Minha família estava lá aguardando por mim, como eu esperava. Alice estava sentada no primeiro degrau da escada, com a cabeça encostada à parede, fato que me mostrou que ela tinha visto o meu plano e não estava feliz com isso.

Esme, Carlisle e Emmett estavam sentados no sofá branco no meio da sala, enquanto Rosalie estava na janela olhando para a floresta. Jasper estava de pé, de costas para a parede embaixo da escada, olhando para o chão de mármore. Ele ainda estava mergulhado na culpa. Deveria estar sendo difícil para ele suportar suas próprias emoções, bem como as emoções dos outros ao seu redor, sentindo a dor e o choque de suas ações.

Alice levantou-se imediatamente e falou em voz alta:

— Nós não estamos de partida, Edward. Estamos indo embora?

Todos os outros membros da minha família, além de Jasper, fizeram a mesma pergunta silenciosamente em suas próprias cabeças.



Parte 3 - Discussão

Alice, obviamente, não tinha explicado o que eu pretendia fazer, como eu tinha esperado que ela fizesse.

— Sim. — Respondi às perguntas silenciosas. — Nós estamos indo embora.

— Edward, — Meu pai adotivo falou — Foi um acidente, não temos que partir. Nós vamos nos distanciar de Bella, se for preciso, mas eu sei o quanto ambos – você e ela – irão sofrer se nós simplesmente desaparecermos. — Ele terminou em sua cabeça.

— Eu não quero partir. — Rosalie pensou enquanto continuava a olhar para fora da janela.

— Isto não é apenas sobre o que aconteceu — Olhei para Jasper que ainda estava em silêncio olhando para o chão — Cada segundo que eu ou qualquer um de nós passamos com Bella, colocamos em perigo a sua vida. Eu a amo demais para submetê-la a isso. Eu quero protegê-la e a única maneira de fazê-lo é deixando Forks e peço a todos vocês para me acompanhar. Vamos ter de sair em poucos anos, de qualquer maneira, para não levantarmos suspeitas. Nós só adiantaríamos um pouco. É pedir muito, para que eu possa manter a razão da minha existência viva?

Todo mundo ficou em silêncio por um momento, processando o que eu tinha dito em suas cabeças.

Carlisle estava ponderando a situação e pensando para quais lugares poderíamos ir, então, eu sabia que ele estava disposto a me ajudar. Disposto a deixar o trabalho que ele amava e uma cidade que ele sentia verdadeiramente confortável só por mim. Eu senti enorme gratidão para com este homem que me criou. Ele era verdadeiramente altruísta. Por que não eu poderia ser assim? Ele estava preocupado com o resto de vista da família e pensando em como ele poderia me ajudar a convencê-los de que era a coisa certa a fazer.

Esme estava disposta a deixar tudo por mim. Sua única preocupação era manter sua família unida. Ela amava a todos nós e não queria que nos separássemos. Seus pensamentos também eram de Bella, pois ela já a considerava como parte da nossa família. Esme já tinha acolhido Bella e adorava vê-la fazer de mim um homem mais feliz e melhor; mas ainda assim ela a deixaria se isso era o que eu queria. Não era o que eu queria afinal, mas era o que eu precisava fazer. Eu não poderia ter o que eu queria.

— Edward. — Alice me chamou mentalmente. — Por favor?

— Não, Alice — Eu disse.

Ela estava pensando em Bella e como a amizade delas tinha se desenvolvido ao longo dos últimos meses. Ela parecia saber desde sempre que seriam amigas e só pensava nela como uma irmã.

— Alice, é a única maneira de manter Bella em segurança. — Toda vez que eu falava o nome de Bella, um corte dolorido feito por uma faca afiada passava pelo meu coração morto. Esta era a única forma de garantir sua segurança. Ela não devia viver em torno de criaturas como as de nossa espécie.

— Existe outra maneira. — Emmett pensou.

— Não há outra maneira! — Eu rosnei.

O que ele estava pensando? Na sua cabeça eu podia enxergar uma visão de Bella com a pele branca, pálida e qualidades desumanas; uma Bella imortal. Eu já tinha visto visão semelhante na cabeça de Alice muitos meses atrás, não muito depois de Bella chegar pela primeira vez em Forks.

— Você quer sujeitar Bella a uma vida de danação eterna, Emmett? Só para podermos ficar aqui por mais alguns anos?

— Edward! — Esme começou, mas Emmett interrompeu.

— Qual é Edward? Bella quer se tornar uma de nós; Alice tem visto isso com freqüência, ela se tornar um vampiro. Você não iria perdê-la e nós não teríamos que sair. Somente pense sobre isso. — E continuou mentalmente — Eu sei que você não quer deixá-la Edward, nenhum de nós quer que você sofra como você está sofrendo agora. Desta forma, você pode ficar com ela para sempre.

— Não — Murmurei.

Tive de admitir...Isso era o que eu mais queria. Eu queria que ela fosse transformada. Então eu poderia ficar com Bella sem estar sob restrição constante, para não machucá-la. Eu poderia realmente estar com ela, como um casal de verdade, como Carlisle e Esme, Alice e Jasper, Rosalie e Emmett. Nós finalmente seríamos iguais. Eu poderia ficar com ela para sempre.

Não. Bella merecia um futuro melhor do que isso, ela merecia ter uma vida humana normal. Envelhecer e ter experiências humanas. Como eu poderia ser tão egoísta e negar-lhe isto? Como eu poderia tirar sua vida? Sua alma?

Eu não podia.

Eu não iria.

— Não — Repeti mais alto. — Isso não é uma opção. Não vou tirar sua vida e eu não vou permitir que ninguém aqui o faça.



Parte 4 – Planejamento

Jasper não tinha se movido ou dito uma palavra durante o debate e eu sabia que era porque ele concordava comigo. Ele estava disposto a me ajudar de qualquer maneira possível, a fim de compensar parte da dor que ele havia me causado na noite anterior. Eu podia ver em sua mente, que ele estava tomando por todas as emoções que corriam ao redor da sala: dor, tristeza, preocupação, ansiedade... mas ele não fez nenhum movimento para relaxar os sentimentos de ninguém com seu dom.

Alice havia se movido para ficar ao lado dele, eles estavam olhando para os olhos um do outro, comunicando-se de sua própria maneira. Eu não conseguia entender como, mas eu podia ver que ele estava tentando convencer Alice que tínhamos de partir. Eu conhecia Alice e sabia que seria a mais difícil de convencer e Jasper era a única pessoa que poderia convencê-la a ir. Eu deixei um sentimento de gratidão fluir de mim e vi como Jasper inclinou ligeiramente a cabeça concordando, enquanto pensava — É o mínimo que eu posso fazer.

Rosalie estava sentada no chão, agora encostada à parede de vidro de trás da casa. Estava pensando em Forks. — Eu gosto desta cidade. É quase sempre nublado aqui. Eu gosto de ser capaz de sair durante o dia sem o sol cruel me afastar das pessoas. Mais do que isso, eu gosto da maneira como as pessoas olham para nós aqui, como deuses; como criaturas bem queridas, belas e importantes. Mas desde que Bella chegou, as coisas mudaram. Eu não quero sair, mas se ela ficará fora de nossas vidas, eu vou.

Eu não estava realmente ouvindo Rose, mas quando ouvi o nome de Bella em sua cabeça, voltei minha atenção para ela. Ela deve ter sentido isso, porque ela imediatamente tentou bloquear-me dirigindo o seu pensamento para se concentrar sobre a mecânica do seu BMW M3.

Mas então eu ouvi, em um breve deslize de sua mente, seus reais pensamentos. Agora eu estava furioso. Rosalie estava pensando que era tudo culpa de Bella, que ela era uma ameaça à nossa família, uma criadora de problemas e não teríamos de sair se não fosse por ela.

Como isso poderia ser culpa da Bella?

Bella não é uma criadora de problemas ou uma ameaça, ela é uma pequena, inocente, desajeitada, bonita, humana que se envolveu com um bando de vampiros, por minha causa. Rosalie estava com ciúmes de Bella. Ela não gostava que outras pessoas – além dela própria – atraíssem a atenção e Bella cativou os corações e as mentes das pessoas ao seu redor. Rosalie a odiava. Como ela poderia ser tão insensível?

Minhas mãos fecharam-se em punhos ao meu lado e eu rapidamente me desloquei para frente, em posição de ataque, um rosnado vicioso deixando minha garganta, enquanto meus olhos se fixavam em Rosalie. Então, quando eu estava prestes a atacar Rosalie, Alice gritou:

— Não, Edward!—

O resto da minha família então compreendeu o significado da minha postura. Emmett correu para ficar na frente de Rosalie, enquanto Alice e Carlisle colocavam suas mãos em meus ombros, para tentar me segurar.

— Ela não vale à pena, Edward. — Alice pensou.

Não queria ferir Rosalie, eu só queria situá-la e fazê-la entender o quanto Bella significava para mim. Ela era para ser minha irmã e deveria querer me ver feliz e não infeliz. Eu sai de minha posição de ataque, ainda olhando para Rose.

— Esta bem — Eu rosnei para ela.

Alice me puxou para o sofá branco. Sentei-me entre ela e Esme enquanto ambas carinhosamente colocavam seus braços ao meu redor. Alice descansou a cabeça no meu ombro pensando: — Tudo bem, Edward. Eu irei se isso significa tanto para você.

— Obrigado — sussurrei.

Ela ficou em silêncio por um breve momento e então decidi que eu precisava de confirmação de que todos os membros da minha família iriam partir comigo.

— Então, vocês estão dispostos a deixar Forks? — Eu perguntei.

— Sim, meu filho. — Carlisle pensou.

— Claro, Edward. Eu só quero que você seja feliz. — Esme refletiu em seus pensamentos.

Jasper apenas balançou a cabeça, ainda sob a escada.

— Sim. SIM. — Rosalie confirmou

— Ok. — Emmett disse em voz alta.

Alice não precisava dizer nada, ela já tinha me dado a sua resposta.

Era isto. Minha família partiria comigo, para proteger Bella. Eu não queria pensar em deixar Bella. Doía-me fazê-lo. Então, em vez disso, pensei em como iríamos fazer isso. De repente, a palavra partir teve pleno significado. Significava que eu nunca mais iria ver a razão de minha existência.

Eu não podia permitir-me a pensar nisso agora. Forcei minha concentração; eu só tinha um curto período de tempo para os detalhes e para a finalização, antes de ir para a escola ver Bella. Pensaria sobre as conseqüências mais tarde.

Esme repetiu meu pensamento em voz alta:

— Como vamos fazer isso? Quando vamos partir?

Carlisle foi o único a responder.

— Nós partiremos quando Edward desejar. Rosalie, Emmett e Jasper não freqüentam mais a escola. Eu só preciso informar a Forks High sobre Edward e Alice. Eu posso dizer no hospital que me ofereceram outro emprego e então as pessoas vão pensar que nos mudamos.

— O mais cedo possível — Eu disse.

— Não tem que ser imediato, Edward. — Esme falou.

— Quanto mais cedo melhor. — Pensou Rosalie. Eu a ignorei e falei para Esme.

— Sim, precisa. Não há porque perdermos tempo a esta altura. Quanto mais cedo sairmos, mais cedo Bella pode retomar com a sua vida. Eu não quero dizer nada a Bella até o último momento possível, caso contrário ela vai tentar nos impedir. E eu não quero que ela suspeite de nada, pelo mesmo motivo.

— Bella é muito perspicaz, Edward. Ela vai perceber que algo está errado. Você espera que todos nós a enganemos, até o momento que você decidir contar a ela? Você espera que Alice fira os sentimentos de sua melhor amiga, sem lhe dar uma explicação para o seu comportamento estranho? — Carlisle pensou.

Ele estava certo. Eu sabia que Bella era muito perspicaz; ela tinha conseguido ver as falhas na minha pretensão de me mostrar humano. Eu precisava de uma abordagem que ferisse Bella da menor forma possível e na qual minha família não precisasse sujeitar-se aos argumentos de Bella para que ficassem. Não era justo pedir-lhes para mentir para Bella. Eu precisava tirar Bella do mundo dos vampiros, completamente sem uma escolha.

Alice ficou de pé em um salto, informando-me que tinha visto o meu plano de ação. E eu pude ver, em sua cabeça, o que eles iriam fazer.



Parte 5 - Tristeza

— Não, Edward — Alice sussurrou. Ela olhou para mim com tanta tristeza em seus olhos, que eu tive que desviar o olhar.

Jasper percebeu sua tristeza e a chamou debaixo da escada.

— O que está errado, Alice?

Alice ignorou. Ela ainda estava olhando para mim.

— Você não vai me deixar dizer adeus à Bella? — Ela perguntou.

Mesmo ela sabendo a resposta para sua própria pergunta, ela ainda queria uma resposta minha. Eu não falava, eu só olhei para as minhas mãos colocadas em meu colo.

— Por favor, Alice — Sussurrei.

— NÃO! — A resposta de Alice foi mais alta em sua mente do que se ela a tivesse gritado em meu ouvido. Ela se ajoelhou na minha frente, implorando mentalmente. Recusei-me a olhar para ela.

Jasper correu pela sala, Alice virou-se em seus braços e ele embalou-a em seu peito.

— Não fique triste, Alice, por favor. — Ele disse.

Eu tinha que me explicar, não apenas para Alice, mas para o resto da minha família também. Estavam todos querendo saber por que eu não iria permitir que eles dissessem adeus para Bella.

Levantei-me, e atravessei a sala, colocando-me em uma posição que todos poderiam me ver. Minha platéia esperou pacientemente eu iniciar meu discurso. Eu comecei a andar enquanto eu falava.

— Desculpe-me, mas eu não quero que nenhum de vocês veja Bella novamente. Eu quero que seja como se a nossa família nunca tivesse existido para ela. A parte mais difícil será minha...eu tenho que convencê-la de que não a amo mais e que não quero estar com ela. Se ela achar que eu ainda a amo, eu sei que ela vai me pedir para ficar e eu não posso vê-la fazer isso. Você poderia Alice?

Alice não estava mais nos braços de Jasper, ela estava sentada no sofá olhando para mim com os olhos estreitos. Eu não lhe daria a chance de responder à minha pergunta, então continuei falando.

— Se você quer que ela seja feliz e viva a sua vida como um ser humano normal viveria, sem a presença de vampiros, então você vai fazer isso por ela.—

Tanto Esme quanto Jasper envolveram-na em seus braços, enquanto Alice começava soluçar baixinho sem lágrimas. Eu ofereci minha mão para ela e ela me deu a sua, com hesitação. Eu puxei minha irmã favorita, abraçando-a firmemente. Falei gentilmente em seu ouvido, sabendo que o resto da minha família podia ouvir.

— Tem que ser desta maneira, Alice. Uma ruptura sem lembranças, sem anexos deixados para trás. Eu sinto muito.

Alice começou a passar as memórias com Bela em sua cabeça. Eu não queria assistir isso, por isso empurrei-a gentilmente para os braços de Jasper.

Voltei minha atenção para os pensamentos da minha família, à procura de eventuais oposições a minha decisão.

Carlisle estava formulando os preparativos para a nossa partida. Ele iria compartilhar suas idéias com o resto da família em poucos minutos.

Os pensamentos de Esme estavam com Bella.

— Eu não sei como a pobre coitada irá lidar com isso. Espero que estejamos fazendo a coisa certa. Eu sentirei saudades dela. — ela dizia a si mesma angustiada.

Rosalie estava planejando uma saída rápida de Forks, enquanto Jasper se preocupava com Alice, e usava seu talento para relaxar as emoções dela.

Emmett saiu pela porta dos fundos, mas eu ainda podia ouvir seus pensamentos. Espero que Edward fique bem. Eu sentirei saudades do jeito desajeitado de Bella e de fazê-la corar. Ele riu tristemente para si.

Carlisle limpou a garganta por hábito e foi avisar Emmett para voltar para dentro. A forma de urso de Emmett entrou pela porta de trás e caminhou até Rose, sentando-se ao lado dela contra a parede de vidro de trás da casa.

Carlisle começou a falar, enquanto eu me sentei no sofá ao lado de Esme.

— Eu concordo com Edward e acho que é melhor deixarmos Forks o mais rapidamente possível. Vou informar o hospital que eu recebi uma oferta de trabalho esta manhã, de início imediato e que eu gostaria de aceitá-la. Acho que o mais rápido que conseguiremos partir será amanhã.

Eu fiz uma careta na última frase Carlisle. Ele notou minha expressão e depois falou diretamente para mim.

— Edward, precisamos de tempo para discutir como fazer as coisas e preparar um lugar para ir. Não podemos simplesmente desaparecer.

— Eu e Alice podemos sair hoje e ajeitarmos as coisas na casa em Ithaca imediatamente — Jasper falou pela primeira vez. Alice balançou a cabeça.

— Será menos doloroso quanto mais cedo nós formos, Alice. — Jasper disse para ela.

Alice bufou e encostou-se no peito de Jasper, mas não discutiu.

— Eu e Emmett podemos ir com eles — Disse Rosalie.

— Tudo bem. — respondeu Carlisle — Você e Emmett terão que ir em um carro separado. Edward? — ele se virou para mim — Você pode dizer à Bella que Alice partiu com Jasper, para afastá-lo por algum tempo, talvez para o Alasca. Esme e eu vamos sair com você amanhã, quando você disser à Bella que estamos partindo.

Eu me encolhi com o pensamento de mentir para Bella. Eu estava grato por Carlisle estar planejando nossa partida, porque eu não conseguiria fazer nada, pensando no porque de tudo isso.

Bella. Eu teria que deixar a minha Bella. Pelo menos eu poderia vê-la mais algumas vezes. Eu teria algum conforto... foi o que pensei... mas não muito.

Foi tudo planejado. Eu veria Bella na escola hoje e a convenceria de que tudo estava bem. E depois de amanhã, depois da escola, eu daria a notícia a ela. Enquanto eu mudava as minhas roupas, eu me perguntava: o que ela diria quando eu contasse a ela... como ela iria reagir? Eu tinha certeza que ela não iria acreditar em mim de cara e eu teria que mentir, por entre dentes, salivando veneno, por um tempo razoável antes que eu pudesse plantar a semente da dúvida em sua mente. Até onde eu iria magoá-la só para fazê-la acreditar que eu não a queria mais? Como eu seria capaz de ir embora? Meu coração se encolheu...



Parte 6 – Sem despedidas

Eu desci rapidamente a escada. Minha família estava toda reunida lá embaixo, fazendo preparativos para a partida de Alice, Jasper, Rosalie e Emmett, em algumas horas. Eles já teriam ido embora quando eu voltasse da escola. Eu não queria dizer adeus.

O adeus que eu teria que dar amanhã seria duro o suficiente e a despedida de alguns membros da minha família só me lembrava isso. Eu não queria ser rude, pois Esme ficaria decepcionada comigo... e eu devia demais a ela e ao resto da minha família pelo que estavam sacrificando por mim.

Minha família toda caminhou em minha direção enquanto eu esperava ao pé da escada. Emmett estendeu a mão em um punho e eu gentilmente fiz um punho com minha própria mão, tocando a sua. Ele então me deu uma pancada nas costas, como sinal de afeto. Eu sorri fracamente para ele. Rosalie sorriu para mim meio ressabiada, tocando meu braço. Jasper cautelosamente colocou uma das mãos em meu ombro, dando-me um meio-abraço, que respondi com um dos meus próprios braços.

Mesmo que houvesse uma grande possibilidade de que nenhum de nós estar deixando Forks, se não fosse pela sede incontrolável de Jasper, ainda assim eu ainda era grato a ele. Ele me mostrou exatamente o quão perigoso éramos para Bella e que alguma coisa tinha que ser feita para protegê-la.

— Alice. — Eu comecei. — Eu sei que eu já pedi muito para você. Para todos vocês.

Olhei ao redor da sala para os outros membros da família antes de trazer minha atenção de volta para Alice.

— Mas eu preciso que você faça mais uma coisa, por favor?

— O que é Edward? — Alice respondeu em sua cabeça.

— De agora em diante eu não quero que você olhe para futuro de Bella. Não podemos invadir a vida dela assim... não mais. Eu preciso que você faça isso por mim, Alice, por favor? — Eu pedi. Ela simplesmente assentiu com a cabeça como a sua resposta. Eu sorri para ela o mais suavemente que pude.

Alice caminhou em minha direção com graça, mas lentamente. Eu podia ver que ela ainda estava realmente chateada. Eu seria capaz de notar mesmo se eu não pudesse ler sua mente, porque, normalmente, ela era transparente para mim. Ela puxou-me em seus braços e abraçou-me por um minuto inteiro.

Antes de soltar-me de seus braços, ela me disse mentalmente — Eu sentirei saudades de você, Edward. Eu te amo, você sabe, mesmo que você esteja me fazendo deixar a minha melhor amiga. Por favor, deixe Bella saber que eu a amo muito.

Ela apertou seus lábios suavemente contra o meu rosto e correu para longe de mim, subindo as escadas. Eu caminhei até a porta da frente e quando cheguei à soleira, virei-me para olhar para minha família.

Eles estavam todos lá, menos Alice, olhando fixamente para mim... eu inclinei a cabeça, acenando um adeus e sussurrei — Obrigado — enquanto eu corria pela porta.

Eu pulei direto no Volvo e corri para fora da garagem. Eu não estava prestando atenção na estrada. Meus sentidos me guiaram para o lugar que eu precisava para ir. Escola. Onde eu finalmente veria Bella. Pareciam semanas desde que eu a tinha visto pela última vez, mas fazia apenas pouco mais de uma hora.

Estacionei e esperei por sua chegada. Eu podia ouvir sua caminhonete vermelha grunhindo pela estrada, a cerca de uma milha de distância, o que significava que eu tinha alguns minutos para me recompor e tentar agir como eu normalmente faria. Mas meu rosto ainda estava mascarado com a mesma expressão de culpa, tomado de mágoa e enorme determinação. Eu não conseguia removê-la do rosto. Eu tinha esperanças que Bella não notasse.

Eu estava brincando comigo mesmo? Bella perceberia tudo.

Eu andei até a picape de Bella, enquanto ela estacionava. Quando ela desligou o motor eu abri a porta do lado do motorista para ela.

— Como você se sente — Perguntei a ela.

— Perfeita — ela respondeu. Eu poderia dizer que ela estava mentindo pela forma como ela falou rápido demais. Bella era uma péssima mentirosa.

Bati a porta de sua caminhonete e ela estremeceu ao som. Nós andamos em silêncio, em ritmo humano, para a escola. Enquanto caminhávamos, eu ainda podia sentir a corrente elétrica que corria entre nós; era como um campo de força magnética nos atraindo, mas eu teria que quebrar esse campo de força. Eu sabia que tinha uma força desumana, mil vezes mais forte do que o ser humano médio, mas eu seria forte o suficiente para quebrar a força que mantinha eu e Bella juntos? Eu sabia que tinha de ser.

Como eu freqüentava a maioria de minhas aulas com Bella, eu não poderia escapar de seu olhar durante todo o dia. Eu não precisava ser capaz de ler sua mente para saber que ela estava atenta a cada movimento meu.

Nós não falamos com freqüência, mas às vezes eu perguntava como ela estava sentindo o braço ferido e ela sempre respondia com a mesma observação, — tudo normal.

Ela não me perguntou sobre minha família ou como eles estavam encarando o que tinha acontecido na noite anterior. Eu entendi que ela não queria me lembrar do incidente, para não ferir meus sentimentos e, provavelmente, me fazer sentir culpado... como se a culpa fosse dela!

Um combate começou em minha própria cabeça. Era, em parte, culpa dela; se ela não tivesse o aroma do sangue mais doce que eu já tinha encontrado, eu jamais a teria notado, e se ela não fosse tão absurdamente fascinante, eu nunca teria me apaixonado por ela. Não, eu argumentava comigo mesmo, não é culpa dela, ela não poderia deixar de ser a criatura mais cativante, com o aroma mais doce que já existiu.

A manhã passou rapidamente. Eu queria prolongar cada segundo que eu tinha para passar com Bella, mas o relógio não queria colaborar. Era hora do almoço agora. Almoço para os seres humanos, não para mim. Estávamos no refeitório e eu estava colocando em minha bandeja a comida que eu não iria comer.

Os olhos de Bella estavam percorrendo a sala, certamente à procura de Alice. Ela provavelmente teria perguntas para ela, questões que ela não queria me perguntar para não me chatear. Eu observei-a cautelosamente, seus olhos caíram sobre alguns seres humanos que ela reconheceu como sendo da turma da quarta aula de Alice. Eu não sabia seus nomes, nem me importava tão pouco. Eu nunca tinha prestado muita atenção nos humanos antes de conhecer Bella.

A confusão varreu a face da Bella quando ela percebeu que Alice faltara à escola hoje.

— Onde está Alice? — Ela perguntou ansiosamente.

Eu olhei para as minhas mãos sobre a mesa, onde eu estava destruindo uma fruta com os dedos.

— Ela está com Jasper. — Eu respondi.

— Ele está bem?

Não, ele não está bem. — Pensei — Ele se sente muito culpado por quase matar você.

Eu não poderia dizer isso Bella, porém, eu teria que fazê-la sentir o perigo. Então, eu disse de uma vez.

— Ele foi afastado por um tempo — Deliberadamente evitando a sua pergunta para que eu tivesse que mentir para ela.

— O quê? Para onde? — ela exigiu ansiosa.

Dei de ombros para lhe dar a impressão de que eu não sabia e respondi:

— Em nenhum lugar em particular.

— E Alice também? — Disse ela, sua voz, de repente, tranqüilizando-se.

— Sim. Ela vai ficar fora por algum tempo. Ela esta tentando convencê-lo a ir para Denali. — Eu segui o conselho de Carlisle e sugeri que eles estavam indo para o clã vampiro no Alasca. Eu sugeri, eu não menti.

Bella mexeu-se inquieta na cadeira, seu braço a estava incomodando. Eu não queria que ela sentisse dor e como a falha em seu cérebro me proibia de acessar seus pensamentos para confirmar, eu tinha que perguntar.

— É o seu braço lhe incomodando?

— Quem se preocupa com o meu braço estúpido? — Ela murmurou.

— Eu me incomodo — Eu pensei, mas não disse isso em voz alta.

Bella deitou a cabeça na mesa e suspirou profundamente. Eu desejava alcançar e puxar o seu queixo com os dedos, acariciando seu rosto, mas me contive. Tornaria apenas as coisas mais difíceis.

Caímos em um silêncio que durou o resto do dia na escola. Eu nem sequer me dei ao trabalho de perguntar a ela sobre o seu braço novamente.



Parte 7 - Silêncio

O dia escolar terminou e o silêncio apreensivo entre mim e Bella se tornou insuportável, mas eu não estava disposto a quebrá-lo. Bella já tinha percebido meu comportamento estranho e minha voz, com um timbre tenso, certamente aumentava ainda mais suas suspeitas. A lenta dor crescente na boca de meu estômago tornava difícil falar com minha voz normal.

— Você virá mais tarde hoje? — Bella perguntou.

A surpresa cintilou em todo o meu rosto quando ela disse as palavras — mais tarde. Esta era mais uma das vezes em que eu desejava ser capaz de ler sua mente. Por que ela não queria que eu ficasse agora? Onde ela estava indo? Eu teria que perguntar a ela, mas eu não queria soar muito curioso.

— Mais tarde?

— Eu tenho que trabalhar. Tenho que compensar na loja da Sra. Newton por não ter ido ontem

— Oh, claro. — Murmurei

Eu me senti um pouco frustrado com a mãe de Mike Newton por ela me privar de passar um tempo precioso com Bella.

— Então você vai virá quando eu estiver em casa, certo? — Bella perguntou cautelosamente.

— Se você me quiser. — Eu respondi.

— Eu sempre quero você. — Ela disse, levantando o tom de sua voz ligeiramente para enfatizar as palavras e eu senti uma fisgada dolorosa em meu frio coração morto.

— Tudo bem então. — Eu disse de maneira displicente, enquanto eu abria a porta de sua caminhonete. Debrucei-me e beijei suavemente sua testa, antes de fechar a porta enferrujada da picape. Eu me virei sem olhar para Bella e caminhei rapidamente para o meu Volvo, sentindo meu coração apertar uma segunda vez.

Eu estava em meu carro, correndo para longe enquanto Bella não tinha sequer ligado o seu motor. Eu tinha algumas horas antes que Bella saísse de seu trabalho na loja dos Newton e eu não queria ir para o lugar que já não seria a minha casa amanhã. Alice, Jasper, Rosalie e Emmett já teriam partido agora e a casa estaria vazia.

E, além de tudo, eu não agüentava ficar longe de Bella. Não enquanto ela estava no trabalho, ou quando a deixava na casa dela só para voltar mais tarde, através da janela de seu quarto, quando seu pai estava dormindo.

Desde que Bella fez sua aparição em minha vida, eu tinha mudado significativamente e eu sabia que não seria mais capaz de viver sem ela. Ela era uma parte de mim. Ela era a minha outra metade. Meu peito sentia-se vazio, quando eu não estava com ela porque eu meu coração agora era sua propriedade. Como eu poderia ficar longe dela? Como eu iria sobreviver sem ela? Não, eu me exigi... pense sobre isso depois.

Eu tomei a decisão de caçar. Não devia subestimar meu autocontrole, enquanto estava junto de Bella; de qualquer maneira, eu era muito perigoso. Era óbvio que eu estava frustrado com o meu comportamento recente. Talvez se eu matasse a minha sede, eu relaxasse um pouco.

Dirigi a toda velocidade; eu estava em casa em poucos minutos. Bella sempre teve medo da forma como eu dirigia. Ela me achava irresponsável. Eu me controlava tanto quanto possível quando ela estava no carro, só para acalmar sua mente um pouco. Eu nunca bateria ou me envolveria em um acidente enquanto eu dirigia, pois meus reflexos vampirescos eram tão aguçados que estavam um passo a frente de qualquer catástrofe. Normalmente, dirigir rápido me dava uma sensação de êxtase, mas não hoje. Hoje tudo era diferente. Minhas aspirações tinham mudado, e isso tinha me modificado profundamente.

Eu dirigia devagar, como quando Bella estava no carro, de qualquer maneira. Mesmo que uma colisão ocorresse, eu seria capaz de sair andando ileso, mas Bella nunca sobreviveria. Ela era tão frágil. Quebrável.

Eu sempre tentei o mais que podia ser extremamente cuidadoso com Bella. Eu poderia facilmente esmagar sua mandíbula ou lascar seu ossos, apenas acariciando seu rosto.

Bella acreditava que eu tinha um poderoso autocontrole, mas ela estava enganada. Era absurdamente difícil me controlar. Minha garganta ardia como os pilares do inferno quando seu perfume era detectado pelo meu corpo. Era extremamente desconfortável, mas suportável devido ao fato de eu amar Bella como a minha alma gêmea; esse sentimento era mais forte do que o meu desejo pelo seu sangue.

Os hormônios humanos de Bella muitas vezes também me jogavam para o meu limite, fazendo com que eu me afastasse tão delicadamente quanto eu podia, enquanto eu canalizava meus excessos. Eu queria que o meu autocontrole fosse tão fácil como o meu talento vampiro: leitura de mentes.

Sempre achei que o poder de ler mentes era muito conveniente e terrivelmente interessante. Permitia-me acessar os pensamentos das pessoas, o que poderia ser considerado como uma invasão de privacidade, mas não havia como controlá-lo. Muitas vezes, eu me encontrava respondendo ao pensamentos das pessoas quando elas sequer haviam falado comigo e isso era irritante. Leitura de mente nem sempre era bom; às vezes era difícil ouvir certas coisas, passando por outras mentes. Eu não conseguia acessar os pensamentos de Bella, mas ela preferia que fosse dessa maneira, então eu não reclamava. O que eu não daria, porém, para decifrar a mente dela e ver como funcionava. Seria uma honra ter acesso a um lugar tão incrível.

Eu não estacionei o meu carro na garagem. Assim que eu acabasse de caçar, eu iria para a casa de Bella, por isso estacionei em frente da nossa grande casa. Eu poderia ter deixado o meu carro em qualquer parte da cidade ou mesmo em frente à casa de Bella, mas isso poderia parecer um pouco suspeito quando eu voltasse da floresta com os olhos dourados e sem olheiras. Eu tinha que manter a fachada humana que a minha família e eu tínhamos construído até então. Afinal de contas, ser um Cullen era ser responsável e tentar se encaixar entre os humanos.

Eu saltei do meu carro e parti em direção às árvores, farejando o perfume mais atraente da dieta vegetariana que eu praticava. Permiti que os meus sentidos fluíssem por meu corpo; eu estava, instintivamente, escaneando a floresta procurando por sinais de perigo ou por sinais de minha presa. Cerca de duas milhas a nordeste, ouvi o barulho dos pés do animal contra o chão coberto de musgo. Sem pensar, corri naquela direção. Eu vi o rebanho de cervos, quando eu atingi cerca de meia milha de distância. Eles não ouviram minha aproximação e quando eu estava suficientemente perto, lancei-me sobre o maior veado, deitando-lo no chão e forçando meus dentes afiados em seu pescoço.

Depois que terminei com o cervo, localizei dois alces perto da clareira onde a minha família e eu gostávamos de jogar beisebol, sempre que uma tempestade estava nas previsões metrológicas de Forks. A última vez que havíamos jogado tinha sido na primavera e Bella tinha ido assistir.

Coloquei Bella em perigo naquela ocasião também. Ela não era apenas uma vítima em potencial para os vampiros da minha família. Ela era uma presa para outros vampiros que estavam de passagem pela cidade.

O rastreador a queria. Embora – verdade seja dita - a minha reação defensiva ao ataque de James tenha desempenhado um papel fundamental nisso. Matar a frágil menina humana que era protegida por um clã era um desafio emocionante para ele. Ele a teria matado naquele estúdio de balé, em Phoenix, se eu tivesse chegado um minuto mais tarde.

Como Bella passava muito tempo com minha família, seu cheiro nos acompanhava e se um vampiro, que vivia da dieta de sangue humano, encontrasse seu perfume, ela se tornaria instantaneamente a sua presa.

Minha sede foi acalmada, eu estava cheio, mas não satisfeito. Fiz o caminho de volta à minha casa para pegar meu carro e ir para a casa de Bella. O pai de Bella, Charlie, suspeitaria se eu chegasse sem ele. Corri pela cidade e cheguei à casa de Bella cedo. Ela iria sair do trabalho agora.

Para evitar ficar sozinho com ela e repetir o silêncio, eu decidi ir para dentro e esperar com Charlie, embora ele estivesse claramente desconfortável com a minha presença. Ele ainda estava irritado comigo depois de pensar que eu era responsável pela saída repentina da Bella para Phoenix - o que na verdade estava correto - porém Charlie não sabia o que de fato tinha acontecido. Ele só me deixava entrar na casa, porque ele era eternamente grato a ambos - Carlisle e Alice - por ajudar sua filha com seus ferimentos após o acidente e não queria ofendê-los, e também porque ele queria que Bella ficasse feliz. Bella era a pessoa mais importante na vida dele e ele a amava muito. Ele era um homem introvertido e não expressava muitos sentimentos, mas eu podia ver em sua mente o quanto ele a amava.



Parte 8 - Distancia

— Olá, Edward. — Charlie cumprimentou-me enquanto abria a porta da frente.

— Boa noite, Charlie. Eu cheguei um pouco mais cedo, eu poderia entrar e esperar? — Perguntei cordialmente.

— Claro.

Entrei na sala e sentei-me na poltrona - uma coisa muito humana de fazer, enquanto Charlie caminhava até a cozinha. A televisão estava ligada, cintilando com anúncios publicitários.

— Você quer um pedaço de pizza, Edward? — Ele perguntou enquanto entrava na sala e me oferecia a caixa com pizza. O fedor do alimento humano – e ainda por cima, frio - fez rugas de nojo em meu nariz.

— Não, Obrigado, Charlie. Eu jantei com a minha família antes de eu vir para cá. — Menti.

Bem, eu tinha saciado a minha fome, ou melhor, a minha sede antes de chegar à casa de Bella – o que poderia ser considerado uma refeição. Charlie apenas balançou a cabeça, puxou seu braço para trás e caminhou de volta para a cozinha. A pizza não só cheirava mal, ela parecia repugnante.

— O jogo deve começar em um minuto. — Charlie estava pensando.

O jogo de baseball que ele estava planejando assistir. Ele voltou para a sala, esparramando-se no sofá. Lá fora, à distância, eu podia ouvir o Chevy de Bella rugindo alto pela estrada. Charlie estava tão absorvido no comentarista do jogo de beisebol na televisão, que não me incomodava. Concentrei-me no regresso de Bella. Ouvi quando sua picape velha entrou na rua e o motor morreu quando ela puxou as chaves da ignição.

Era isso que aconteceria comigo? Quando eu me desligasse de Bella, eu iria tornar-me como uma pessoa morta? Era correto que fosse dessa maneira.

A porta da frente abriu-se, ao mesmo tempo em que o cheiro de Bella me atingiu. Ela finalmente estava aqui.

— Pai? Edward? — Ela chamou.

— Aqui. — Charlie automaticamente respondeu.

Eu fixei meus olhos na televisão enquanto Bella entrava na sala; eu não olhei para saudá-la.

— Oi. — Bella disse fracamente.

Eu não respondi.

— Ei, Bella. — Charlie disse, sem olhar para cima. — Nós temos pizza fria. Eu acho que tem algum pedaço na mesa.—

— Ok.

Bella estava na porta, obviamente esperando que eu falasse alguma coisa. Eu me virei para olhar para ela. Ela estava incrivelmente bonita; o cabelo e o rosto brilhando pelas gotas de chuva. Eu nunca tinha visto Bella usar maquiagem, exceto na ocasião do baile de formatura, quando Alice tinha brincado com Bella como se ela fosse uma de suas bonecas. Bella não tinha necessidade de usar maquiagem, pois ela tinha uma beleza natural que irradiava para fora dela.

Eu lhe enviei a melhor tentativa de um sorriso, que pude fingir e disse:

— Eu estarei bem atrás de você — Encorajei-a a ir na frente e conseguir alguma comida na cozinha.

Seus olhos se arregalaram em choque quando eu foquei minha atenção na televisão. Normalmente eu teria ido direto com ela, mas eu não estava fazendo nada de normal hoje. Deve ter sido muito assustador para Bella, vendo uma mudança tão drástica em mim. Talvez eu devesse ter ido com ela para não deixá-la se sentir tão desanimada e para aliviar um pouco suas especulações sobre o meu comportamento recente. Honestamente, eu não poderia suportar olhar para ela, sabendo o que eu ia fazer amanhã, mas eu também não suportava ficar longe dela.

Decidi iniciar uma conversa com Charlie sobre o jogo e começamos comentando sobre os jogadores de cada equipe. Bella estava muito quieta na cozinha. Ela deveria estar ouvindo, exceto quando eu ouvi uma risadinha bem baixinha. Terminou assim como tinha começado, mas foi o suficiente para me fazer flutuar fora da minha mente por um momento. Soou tão doce e alegre. Como só o sorriso de Bella era. Eu me perguntava o que estaria pensando.

Bella desceu a escada devagar. Ela estava com a câmera, o presente de aniversário dado por Charlie, provavelmente para preencher seu álbum de recordações novo, que fora o presente de sua mãe - Renée, como Alice havia previsto na manhã de seu aniversário.

Foi somente ontem? O tempo parecia se mover lentamente, mas eu senti o ontem como se tivesse ocorrido há anos atrás.

Bella inclinou-se na guarda da porta de entrada para a sala de estar com a câmera na mão e bateu uma foto. Olhei para ela fingindo que eu não tinha notado sua presença.

— O que você está fazendo, Bella — Charlie grunhiu.

— Oh, por favor. — Ela moveu os lábios, como se fosse sorrir e continuou — Sabe, a mamãe ligará em breve para perguntar se eu estou usando meus presentes. Eu tenho que começar a trabalhar nisso antes que ela possa ficar com seus sentimentos feridos.—

— Provavelmente. — Charlie pensou. E depois falou em voz alta: — Por que você está tirando fotos de mim?

— Porque você é muito bonito. E porque, desde que você comprou a câmera, você é obrigado a ser um dos meus modelos.—

— Pelo amor de Deus. Eu sou? — Charlie murmurou sob sua respiração tão calma que Bella não podia ouvir com seus ouvidos humanos.

— Ei, Edward. — Ela disse sem olhar para mim — Tire uma foto minha e de meu pai juntos.

Ela jogou a câmera na minha direção enquanto se sentava no chão, ao lado de seu pai, que estava sentado no sofá. Charlie suspirou. Bella olhou para a câmera com uma expressão vazia. Eu queria ver o seu sorriso.

— Você precisa sorrir, Bella. — Eu disse a ela. Ela moveu os cantos da boca em um sorriso fraco, enquanto eu tirava a fotografia. A tentativa de sorriso de Bella era diferente de seu habitual sorriso deslumbrante, mas foi o suficiente para aquecer meu coração por um momento.

— Deixe-me tirar uma de vocês, crianças. — Charlie disse. — Assim, talvez parem de tirar fotos minhas. — Ele terminou em sua cabeça.

Eu gentilmente joguei a câmera para ele enquanto Bella se levantava e vinha para perto de mim. Eu coloquei meu braço levemente sobre os seus ombros, quase sem tocá-la. Ela me abraçou fortemente - para um ser humano - ao redor da cintura, como se ela não quisesse me deixar. A sensação de calor subiu pela minha espinha ao seu toque. Eu não queria deixá-la ir também.

— Imagens suficiente por esta noite. — Charlie declarou. — Você não tem que usar todo o rolo de uma só vez.

Eu retirei o meu braço do ombro de Bella, virando-me para sair de seu abraço e sentando-me na poltrona. Ela hesitou e foi sentar-se no sofá ao lado de Charlie. Quando o jogo acabou, me levantei da cadeira para indicar a minha partida.

— É melhor eu voltar para casa.

— Até mais. — Charlie respondeu em voz alta, enquanto pensava — Finalmente ele está indo.

Bella seguiu-me para fora de casa, até o meu carro e eu sabia que ela ia perguntar.

— Você vai ficar? — Eu sempre ficava com Bella durante a noite. Mas não esta noite. Eu estava me distanciando dela propositadamente. Ela tinha que saber que algo estava errado em nosso relacionamento – isso poderia prepará-la para o que estava por vir amanhã, e, assim, talvez fosse mais fácil para ela acreditar.

— Não esta noite. — Mas eu planejava voltar quanto ela estivesse dormindo.



Parte 9 – O que fazer?

Surpreendeu-me o rosto de Bella permanecer inalterado quando eu lhe disse que não iria ficar com ela esta noite. Então ela estava já sabia que eu não viria?

Corri para o meu Volvo, fugindo, deixando Bella em pé na chuva sem uma palavra de despedida. Senti-me incrivelmente culpado pelo meu comportamento, e ainda mais por Bella ter que lidar com ele. Era injusto tratá-la dessa forma, mas também seria mais fácil para ela, a longo prazo. Se eu pudesse, de alguma forma, prejudicar o sentimento que nos mantinha juntos, se eu arruinasse a confiança que Bella tinha em nosso relacionamento, eu tornaria a situação mais indolor. Pelo menos eu esperava que sim.

Fiquei imaginando o que Bella estava pensando em relação à maneira como eu a tratara, ou a conclusão que ela tirou a respeito. Ela provavelmente pensou que era apenas uma reação ao ataque sedento de Jasper, e que eu ainda estava com raiva.

Enquanto eu dirigia através de Forks, deixei os meus pensamentos vagarem, em relação ao que eu poderia fazer quando eu deixasse a cidade. Quando eu deixasse Bella.

O objetivo de minha existência era manter Bella longe de danos – e era uma ocupação de tempo integral. Eu não tinha previsto que o maior perigo do qual eu deveria tê-la protegido, era na verdade, eu mesmo. Eu a tinha blindado contra os perigos da humanidade e deste mundo, quando, de fato, eu deveria tê-la blindado contra mim. E se tivesse sido eu, em vez de Jasper?

Não. Eu não podia suportar a idéia.

Por conseguinte, o que eu faria amanhã? Quando eu não mais fosse responsável por mantê-la longe do perigo. Eu ficaria longe dela... para mantê-la em segurança.

Devia matricular-se novamente no colegial?

Ou devia mergulhar em um novo hobby?

Eu iria precisar de algum tipo de atividade para me distrair do pensamento constante em Bella. Embora, sinceramente, eu soubesse que eu iria sempre ver seu rosto, ouvir sua voz, sentir o cheiro seu perfume, todos os dias na minha mente, para o resto da eternidade.

Quando eu cheguei de volta à casa da minha família, eu não queria nada além do que ficar sozinho e contar os segundos até que eu pudesse ver Bella novamente. Eu podia ouvir Carlisle e Esme dentro da casa; eles estavam embalando seus pertences para levar conosco amanhã, então eu decidi ajudar, ao invés de ser mais egoísta. Eu devia isso a minha família. Eu precisava mostrar-lhes a minha gratidão por sua compreensão e cooperação.

Minha família gostava realmente da cidade de Forks, no Estado de Washington. Era um lugar em que se sentiam verdadeiramente à vontade, depois de morarem aqui há mais de dois anos. De todas as inúmeras vezes que haviam se mudado - Forks era sentida como nosso lar por todos nós.

Talvez em Forks eu me sentisse em casa porque Bella estava aqui. Ela era a minha casa. Ela era a razão da minha existência e parecia que ela era uma parte de mim. Como um vampiro, eu não estava convencido de que eu tinha uma alma, mas se eu tivesse uma, ela estaria interligada com a de Bella.

Eu me senti culpado por pedir a minha família para deixar o lugar que eles consideravam como lar, mas eu tinha feito tudo por eles, muitas vezes, e agora era sua vez de fazer isso por mim. Como um homem apaixonado, deixando o amor de sua vida, ou melhor, da sua existência, não me era permitido ser um pouco egoísta, a fim de proteger o meu amor?

A casa estava excepcionalmente quieta com meus irmãos ausentes. Ithaca ficava a uma distância de três dias, para um homem dirigindo no limite de velocidade. Alice, Jasper, Rosalie e Emmett, levaram somente um dia, dirigindo a quase o dobro do limite de velocidade, sem ter de parar para as necessidades humanas de alimentos e descanso. Eles só teriam que parar para reabastecer. Era impressionante como se poderia dirigir em linha reta de um lado dos Estados Unidos para o outro, em uma pequena quantidade de tempo. Eu deveria fazer a mesma viagem amanhã.

Eu amava a emoção de dirigir rápido, sentindo o ronco do motor abaixo de mim. Mas a jornada de amanhã não ia ser agradável. A única razão que eu teria para dirigir tão rápido seria para ter a certeza que eu estava suficientemente longe de Bella para impedir-me de machucá-la ainda mais.

Eu não tinha decidido se ficaria em Ithaca. Nesse momento, eu não apreciaria o conforto de passar os dias ao lado dos casais apaixonados que minha família formou. Exceto eu. Eu gostaria de estar sozinho. Talvez eu fizesse uma viagem diferente, não acompanhado, para chafurdar na minha miséria pessoal.

Carlisle e Esme estavam esperando por mim quando eu entrei em casa. Eles estavam cercados por caixas de papelão, com várias coisas que não queriam deixar para trás. Afinal, nós não voltaríamos para cá. Não por muitos anos... ou décadas.

Eu nunca iria voltar para Forks. Jamais. Seria apenas uma lembrança dolorosa de Bella e nosso tempo juntos.

— Edward. — Carlisle me cumprimentou com um sorriso educado. Esme veio em minha direção, com os braços estendidos. Quando ela chegou me envolveu em um delicado abraço.

— Como foi seu dia, querido? — Ela perguntou enquanto se afastava para me olhar.

A preocupação atravessou seu rosto.

— Oh. Nada bom pela sua aparência. Eu nunca vi Edward tão emocionalmente esgotado. Deve estar realmente machucando-o deixar Bella. — ela pensou.

— Estou bem, Esme. — Eu menti.

As sobrancelhas arqueadas formaram linhas de preocupação em sua testa.

— Realmente. — Insisti para acalmar sua preocupação. Eu não queria que ela se preocupasse comigo.

— Eu somente estou com saudades dela.—

Tem certeza de que está bem, Edward? Você sabe o quanto eu me preocupo com você.

— Sim. — Respondi, tentando compor minha voz, para que ela acreditasse em mim. Eu acho que falhei miseravelmente.

Esme estava esperando há décadas que eu encontrasse alguém que significasse para mim o que Carlisle significava para ela. Minha outra metade. Ela ficou tão feliz quando Bella entrou na minha vida porque percebeu a distinta mudança em mim... de uma criatura vazia para um homem amoroso, mais do que qualquer dos membros da minha família. A mesma dor que ela sentia ao estar longe de Carlisle, ela sabia que eu sentiria ao ficar longe de Bella. Mas ela também entendeu o raciocínio por trás da minha decisão e não a contestou.

— Você já caçou hoje, Edward — Carlisle perguntou — Eu e Esme estamos indo em uma hora ou mais, você não quer se juntar a nós? — Continuou em sua cabeça.

— Sim, eu cacei. Você e Esme podem ir. Eu vou embalar os pertences que quero levar.

Virei-me para Esme e perguntei: — Quer que eu faça alguma coisa?

— Não, obrigado, querido. Nós estamos quase terminando agora.

Eu estava prestes a tomar uma caixa de papelão vazia para levar até o meu quarto, quando me lembrei de algo que eu queria perguntar Carlisle.

— Carlisle, o que você disse no hospital sobre a nossa partida repentina?

— Eu informei ao diretor do conselho de administração do hospital que tinha recebido uma oferta com um generoso aumento de salário, que não podia me dar ao luxo de recusar. Eu lhes disse que o trabalho começa na próxima semana e pedi desculpas pela partida repentina. Além disso, pedi que não contassem a ninguém até depois que eu partisse, pois eu não queria fazer estardalhaço.

— Onde? — Eu perguntei.

Eu li o pensamento em sua mente.

— Los Angeles.—

Eu lhe enviei um olhar perplexo, pedindo uma explicação.

— Bem, principalmente, para manter segredo para Bella. Eu não acho que você iria querer que ela soubesse para aonde estamos indo realmente, só por precaução.

— Prevenir o que exatamente — Eu perguntei, tentando entender.

— Prevenir que Bella nos siga, quando você partir. — Carlisle disse baixinho.

Eu imediatamente congelei. Eu não tinha pensado nisso. Bella poderia tentar nos seguir.

Carlisle continuou falando em voz alta, embora eu pudesse ler as palavras em sua cabeça. Era como se eu estivesse ouvindo a conversa sendo ecoada em minha mente.

— Bella é uma adulta que certamente é capaz de cuidar de si mesma.

Eu estava prestes a contestar sua declaração, porque era óbvio que os problemas continuariam a perseguir Bella como um ímã. Carlisle percebeu o início do meu protesto e rapidamente interrompeu.

— Eu não quero dizer em situações perigosas, Edward. Eu simplesmente queria dizer que ela é capaz de resolver suas necessidades humanas, como comer, dormir, etc. E eu acho que há a possibilidade de Bella pegar um avião e ir nos ver, então eu pensei que seria melhor se escondêssemos sobre nosso paradeiro real. Portanto eu informei ao hospital um local onde o sol brilha. Porque, em primeiro lugar, os meus colegas vão espalhar a notícia sobre a cidade para qual vamos logo após a nossa partida e, por outro, Bella saberá que nunca iríamos para um lugar assim. Ela saberia que nós estaríamos lá.

Finalmente entendi. Bella sabia que nunca iríamos a um lugar aonde o sol brilhava de forma constante. Por sermos vampiros, não podíamos sair em público com sol brilhando, por causa da nossa pele cintilante. Bella não poderia nos procurar, se ela não tivesse idéia de onde nos encontrar. Los Angeles era o local perfeito para se fingir ir.

— Obrigado, Carlisle. Eu não tinha pensado nisso.

Depois de empacotar as coisas em meu quarto, eu voltei para baixo. Carlisle e Esme ainda estavam caçando e a casa estava totalmente vazia... como o meu peito.

Eu não fui dirigindo para a casa de Bella. Era muito mais conveniente ir correndo, para evitar que Bella ou Charlie acordassem com o som do carro. Eu escalei a parede de sua casa e entrei através da janela aberta.

E lá estava ela. Minha Bella. Silenciosamente sentei-me na cadeira de balanço para vê-la dormir. Eu gostava de vê-la dormir. Às vezes, era como se eu estivesse assistindo seus sonhos junto com ela. Não afastei meus olhos dela a noite toda. Mas nesta noite não havia luz.



Parte 10 – Apenas mais um dia

Ao amanhecer eu pulei para fora da janela de Bella e corri para casa. Enquanto corria, refleti sobre a noite anterior.

Eu tinha sentado na cadeira de balanço imóvel durante toda a noite, nunca desviando os olhos da forma de Bella dormindo. Esta seria a última noite que eu poderia vê-la dormir, então eu não queria perder um momento sequer. Ela teve uma noite agitada, constantemente se remexendo e virando, mas nunca acordando. Fiquei imaginando sobre o que seria seu sonho. Ela estaria sonhando comigo? Ela sabia que algo aconteceria?

Eu tive o cuidado de não perturbar Carlisle e Esme, quando voltei para casa. Eu queria evitá-los para não ter que explicar as minhas ações, sobre me esconder no quarto de Bella para vê-la dormir. Felizmente, ambos estavam distraídos com outra coisa, preparando-se para sair logo que eu tivesse dito a Bella, o que aconteceria hoje, depois da escola.

Hoje era o dia. Ele chegou muito rápido.

Fiquei realmente grato por meus poucos meses de felicidade com Bella... era mais do que eu merecia, e parecia que me mataria dizer adeus a ela.

Eu precisava de mais tempo. Como eu poderia tentar pausar o tempo? Não era possível.

Eu não tinha pressa em chegar à escola; eu dirigi no limite de velocidade, na tentativa de prolongar cada segundo que eu poderia ficar em Forks, só para ficar perto de Bella.

Cheguei alguns minutos antes de Bella e esperei por ela fora do meu carro. O silêncio de ontem voltou enquanto caminhávamos para a escola. Bella sabia que algo estava errado e isto ficou claro pelo olhar irritado em seu rosto, parecia que isso estava a incomodava profundamente. Isso também afetou sua concentração nas aulas. O professor de Inglês, Senhor Betty, lhe fez uma pergunta sobre Romeu e Julieta - o livro que estávamos estudando, três vezes antes que ela percebesse que ele estava falando com ela. Ela apenas olhou para ele com uma expressão de espanto, como se ele falasse uma língua estrangeira. Sussurrei a resposta correta para ela, muito baixo para os outros seres humanos ao nosso redor não ouvirem, antes de cair de novo em silêncio.

O tempo parecia passar mais rápido quando eu e Bella conversávamos. O que eu estava fazendo? Eu não deveria estar fazendo valer à pena meu pouco tempo com Bella? Eu deveria estar falando com ela, só para ouvir sua voz em resposta às minhas perguntas. Eu deveria estar fazendo com que ela sorrisse, para ver a luz iluminando seu rosto. Eu deveria estar abraçando-a para sentir o calor da sua pele contra a minha.

Eu queria. Mas eu não podia. Era tarde demais para começar a fazer essas coisas agora. Eu não poderia simplesmente reverter o meu recente comportamento estranho. Se eu o fizesse, seria apenas para levantar Bella, pouco antes de destruí-la. A dor começou a queimar em meu estômago, enquanto eu percebia que tinha somente mais algumas horas preciosas com ela. Eu queria que a dor fosse capaz de me engolir por eu ter sido tão idiota.

Era hora do almoço agora e Bella e eu estávamos sentados na nossa mesa, com alguns de seus amigos. Eles não pareciam notar a distância entre nós, estavam ocupados tirando fotos de si mesmos com a câmera que Bella havia trazido para a escola. Supus que Bella estava entretida no projeto de documentar a vida dela aqui em Forks, como distração para sua preocupação com a minha bizarra atitude recente, enquanto esperava, compassivamente, que eu voltasse ao meu normal.

Passei o resto do dia pensando sobre o que eu iria dizer para Bella. Eu não estava pronto. Eu não estava preparado. Eu não sabia o que dizer. Sentia-me profundamente confuso.

Depois da escola, fui com Bella até sua picape; foi quando ela me lembrou que tinha que trabalhar. Eu não queria ficar longe dela, mas eu dei-lhe um fraco sorriso de despedida enquanto fechava a porta do veículo. Enquanto eu caminhava para o meu Volvo, comecei a entrar em pânico, o tempo estava passando e eu tomei uma decisão instantânea.

Eu seria egocêntrico mais uma vez.

Eu não estava pensando em conversar com Carlisle e Esme. Eles apenas falariam e eu me absteria de responder. Mas quando cheguei, Carlisle estava de pé sobre o degrau do alpendre esperando por mim.

— Ligação de Alice. — Ele apenas disse enquanto eu saia do carro.

Alice. Eu tinha esquecido que ela estaria vendo o meu futuro. Ela teria visto o que eu iria fazer, logo que eu tomei a decisão.

— Não é uma boa idéia, Edward — Carlisle interrompeu meus próprios pensamentos. — Se você não pode partir agora, você nunca será capaz de ir.—

Ele estava errado. Eu seria capaz. Eu havia esperado mais de um século para encontrar Bella. Eu não tinha tido tempo suficiente com ela. Eu só precisava mais um dia. Mais um dia para apreciá-la. Mesmo que esse dia tivesse que acontecer no purgatório da escola. Eu ficaria feliz em passar todos os dias da minha existência lá, se isso significasse que eu poderia ver Bella.

— Só mais um dia, Carlisle. Por favor? — Eu implorei.

Seus pensamentos estavam cheios de preocupação comigo.

— Ele parece um pouco desesperado. — Ele pensou.

Eu estava desesperado e não tinha medo de admitir isso.

— Eu estou — Afirmei.

— Sim! — Ele pensou. Meu ânimo melhorou. Carlisle iria concordar porque ele sabia que não seria capaz de me parar, fisicamente falando, mesmo que discordasse de mim. Apenas mais um dia eu pensei. Se eu não contasse amanhã para Bella, ele contaria.

Vamos ficar com você.

— Não. Carlisle. Esta tudo bem. Você e Esme devem partir hoje, como planejado. Eu vou ficar bem. Honestamente, eu prefiro ficar sozinho para me preparar para dizer adeus a Bella... — Eu praticamente gemi o nome dela.

Adeus. Eu não queria dizer adeus a Bella. Mas eu teria que fazê-lo. Amanhã. Para seu próprio bem. Eu estava disposto a tudo para garantir que ela estivesse sempre em segurança.

Eu tinha conseguido convencer tanto Carlisle quanto Esme a partir para Ithaca hoje, depois de prometer que eu partiria amanhã. Assim que eu tinha dado a minha palavra, eles relaxaram um pouco e concordaram. Ambos colocavam muita fé em mim.

Eu não iria decepcioná-los neste momento.

Eu não decepcionaria Bella também. Ela precisava de segurança.

A casa estava realmente vazia. Todo mundo tinha ido embora. Meus irmãos estariam chegando a Ithaca logo e eu apenas tinha acabado de acenar na partida de meus pais, prometendo-lhes mais uma vez que eu partiria de Forks amanhã. Eu não lhes disse que havia uma grande chance de que eu não me juntasse a eles, no lado leste do país. Eu ainda não havia decidido e Alice, certamente, iria notificá-los quando eu tomasse uma decisão.

Eu não fui ver Bella depois que ela saiu do trabalho. Eu tinha imposto a ela enormes barreiras, dificultado bastante com meu silêncio ao longo dos últimos dois dias e eu odiava vê-la aflita, pois eu não poderia explicar e aliviar o seu stress.

Em vez disso, fui sozinho para a nossa campina, que estava brilhando lindamente por causa da última chuva. Fez-me lembrar de como Bella brilhava na chuva. Cada fiapo de grama tinha sua própria gota de chuva. Apesar da umidade, eu me deitei e olhei para o céu. Algumas nuvens roxas foram se transformando em escuridão, enquanto outras nuvens desapareciam, abrindo caminho para as estrelas.

Enquanto eu estava lá, eu relembrei a primeira vez que eu trouxera Bella aqui. Foi onde nós declaramos nossos sentimentos. Eu a beijei naquele dia, e tinha certeza que senti meu coração congelado bater no momento em que seus doces lábios macios tocaram os meus.

Eu tinha me comportado mal naquele dia, assustando-a. Mas ela me perdoou rapidamente pelo meu comportamento rude. Será que ela me perdoaria agora?

Não importava se ela não me perdoasse... eu nunca iria vê-la novamente.

Vir aqui só trouxe mais uma lembrança dolorosa do que teria que permanecer em meu passado.

Bella. E todas as minhas memórias com ela.

No dia seguinte, na escola, o silêncio ainda estava presente. Mas eu não estava muito incomodado com ele, eu estava distraído. Minha mente estava preocupada em memorizar cada traço de Bella.

Na noite anterior, depois que deixei a campina, eu voltei para o quarto de Bella quando tive certeza de que ela estava dormindo. Enquanto eu observava seu sono, percebi que precisava de uma imagem mental vívida de Bella, para manter em minha mente pelo resto da minha existência, a fim de sobreviver aos longos anos que estavam à frente sem ela. Essa realmente seria a última noite que eu passaria com ela. Eu percebi isso somente naquele momento.

Então foi isso que eu fiz a noite toda e durante todo tempo de aula. Memorização; seu rosto lindo em forma de coração, seus lábios macios e suas cativantes e enormes íris castanho-chocolate. Seu cabelo, que descia solto sobre os ombros, longos e ondulados. O som de seus batimentos cardíacos, que bombeava o sangue doce debaixo de sua pele. O refinado perfume, que exalava de seus poros. Os padrões de sua pele.

Quando a campainha tocou, sinalizando o término das aulas, eu já tinha memorizado cada célula de seu corpo... de repente, eu estava apavorado. O tempo acabou e eu tinha um objetivo a cumprir.

— Você se importaria se eu for hoje? — Perguntei à Bella, enquanto caminhávamos para a sua caminhonete.

— Mas é claro que não.

— Agora? — Perguntei, esperando que sua resposta fosse não, porque talvez ela tivesse algum outro plano.

— Claro, apenas vou passar antes na caixa de correio para postar uma carta para Renée. Eu encontro você em casa.

Olhei para a cabine de sua picape e vi um grosso envelope no banco do passageiro; provavelmente eram as fotos que ela havia tirado de todos, inclusive de mim. Eu rapidamente peguei-o.

— Eu faço isso. E ainda chego antes de você lá. — Eu disse, forçando um sorriso no meu rosto.

Corri pela cidade em alta velocidade, em direção à casa de Bella, parando para postar sua carta no caminho, antes de retirar minhas imagens do envelope. Eu tinha que chegar a sua casa alguns minutos antes dela, porque havia algo que eu precisava fazer.

Estacionei e corri para dentro da casa. Peguei a chave debaixo do beiral e entrei. Corri até o quarto de Bella e localizei os presentes que eu e minha família tínhamos dado a ela em seu aniversário, junto com as minhas fotos em seu álbum de recordações. Puxei uma tábua ligeiramente solta do assoalho, no canto do quarto e enfiei os bilhetes, as fotos e o CD antes de pregá-la novamente ao chão. Parecia cruel eu tirar as coisas que pertenciam a Bella, mas elas apenas iriam lembrá-la de minha família e eu queria que ela seguisse em frente rapidamente, como se nós nunca tivéssemos existido.

Eu me atirei escada abaixo até a cozinha, arrancando um pedaço de papel do bloco ao lado do telefone. Escrevi um bilhete para Charlie, de Bella. Somente precaução, caso ele voltasse para casa antes dela.

Ouvi a caminhonete de Bella virando na rua, de modo que rapidamente sai de casa, deixando o bilhete sobre a mesa da cozinha, recolocando a chave em seu lugar quando saí.

Eu sentei em meu carro no último minuto, enquanto Bella chegava. Quando ela estacionou, sai do meu carro e fui cumprimentá-la. Peguei sua mochila e coloquei-a no banco da sua picape, antes de fechar a porta.

— Venha dar um passeio comigo. — Eu pedi enquanto pegava em sua mão. O toque frio da minha pele contra a dela causava calafrios. Sua pele parecia ser veludo sob a minha.

Ela não respondeu então eu continuei a puxá-la para a floresta ao lado de sua casa. Eu parei na primeira clareira, com poucas árvores, soltando sua mão e apoiando as costas contra uma bétula grande.

— Ok, vamos conversar. — Bella disse.

Eu queria uma alternativa. Parecia que esta iria me matar.

Enchi meus pulmões de ar e lhe disse...

— Bella, nós estamos partindo.



Parte 11 - Mentira

Bella respirou fundo, no entanto, chocou-me que seu rosto tenha permanecido íntegro e livre de emoção. Eu esperava que ela fosse irracional e implorasse para ficar comigo.

— Por que agora? E não no outro ano? — Bella começou a dizer.

— Bella, está na hora. Quanto tempo mais poderíamos ficar em Forks, afinal? Carlisle mal pode passar por trinta anos, e ele está alegando trinta e três anos agora. Nós teríamos que sair logo de qualquer maneira. — Eu respondi. Eu não queria dar a ela a verdadeira razão para a nossa partida, pois iria fazê-la se sentir culpada. Ela insistia que não precisar ser salva.

A confusão atravessou seu rosto enquanto ela olhava para mim sem pestanejar.

— Quando você diz nós... — sussurrou ela.

Ela estava pensando que eu quis dizer eu e ela? Eu amaria mais do que tudo fugir com Bella, só eu e ela juntos... mas isso era impossível. Eu tinha que ser claro, para fazê-la entender.

— Quero dizer a minha família e eu. — Eu disse cada palavra distintamente, embora desejando que ela fizesse parte da minha família.

Ela balançou a cabeça para trás e para frente várias vezes como que a dizer não. Bella ficou em silêncio, enquanto ela organizava seus pensamentos. Frustrou-me não poder ver o que ela estava pensando, enquanto os segundos passavam lentamente.

Esperei pacientemente ela falar novamente, pois a raiva estava por vir. Olhei para o seu rosto... ele me cativou. Sempre que eu olhava para Bella, eu via meu amor, minha vida, a própria razão de minha existência. Mas logo eu estaria sozinho. Estaria sozinho para sempre. Bella logo encontraria alguém novo... que poderia cuidar dela, protegê-la... coisas que eu não podia fazer. Bem como a amá-la e fazê-la feliz.

Eu engoli um rosnado de volta com o pensamento de alguém começar a fazer essas coisas... coisas que eu queria tanto poder fazer. Eu invejei a pessoa que teria a minha Bella. Eu queria preservar a sua alma imortal para ela vivesse uma vida feliz... para que fosse feliz... e enquanto isso fosse possível, eu seria capaz de permanecer em pé.

Depois do que pareceu uma quantidade infinita de segundos, Bella finalmente abriu a boca para falar. Eu me preparei para a fúria que se aproximava.

— Tudo bem. Eu vou com você.

O quê? Será que eu não fui claro? Ela queria vir comigo, é claro, mas eu não tinha dito a ela que só eu e minha família estávamos partindo e que ela não estava incluída?

— Não, Bella. — Eu disse a ela. O rosto dela desmoronou um pouco, mas a raiva ainda não estava revelada em sua expressão. Talvez eu estivesse errado. Será que ela não se importava realmente comigo, tanto quanto ela dizia? Ela não estava enfurecida com tudo isso?

— Onde nós estamos indo... Não é o lugar certo para você — continuei.

— Onde você está é o lugar certo para mim. — Ela respondeu.

Ah, ela se importava. Refleti. Percebi que ela estava tentando me convencer a ficar ou a partir comigo, de uma forma calma antes dela ficar com raiva.

— Eu não sou bom para você, Bella. — Disse-lhe a verdade.

— Não seja ridículo. — Sua voz ficou tensa enquanto ela falava. — Você é a melhor parte da minha vida.—

Eu era a parte mais perigosa da sua vida, mas a melhor parte de sua vida estava em seu futuro, em algum lugar onde eu não existiria.

— O meu mundo não é para você. — Eu disse tristemente.

— O que aconteceu com Jasper... não foi nada, Edward! Nada!

Como ela poderia pensar isso? Ele quase a matou! Eu fiz uma careta pela memória. Será que ela não dava valor a sua vida?

— Você está certa. Era exatamente o que devíamos esperar.

Seus olhos cintilaram com a lembrança.

— Você prometeu! Em Phoenix, você prometeu que iria ficar...

Eu rapidamente interrompi — Contanto que fosse o melhor para você.

Mentalmente eu me amaldiçoei por não cumprir minha promessa. Eu gostaria de ficar com ela para sempre. Não, eu argumentava comigo mesmo... eu teria de quebrar a promessa.

— Não! É sobre a minha alma, não é? — Bella explodiu. Ali estava a raiva que eu tinha antecipado... Eu esperava que ficasse muito pior. Olhei para o chão e cerrei os dentes enquanto ela continuava a gritar.

— Carlisle me falou sobre isso, e eu não ligo, Edward.

Um arrepio correu minha espinha enquanto ela falava o meu nome, talvez pela última vez.

— Eu não me importo! Você pode ter a minha alma. Eu não a quero sem você... ela já é sua.—

Eu continuei a olhar para o chão por um momento. Eu precisava me recompor. Eu não queria que Bella ouvisse a tristeza em minha voz ou me visse quebrando enquanto olhava nos meus olhos. Eu tomei uma respiração profunda... o perfume irresistível de Bella deixou minha garganta em fogo e eu descerrei meus dentes antes de virar a cabeça para olhar para ela.

— Bella, eu não quero que você venha comigo.

Seu rosto ficou empalidecido enquanto a rejeição caia sobre ela. Meu coração ficou pequeno. Foi tão difícil dizer essas palavras. Era o tipo mais negro de blasfêmia.

Bella tinha que acreditar que eu não a queria mais e que eu estava seguindo em frente com a minha vida. Ela ficou lá imóvel. Seu silêncio me fez recuperar o fôlego.

— Você... não... me. quer? — Ela finalmente falou em tom sussurrado. A dor no meu estômago aumentou mais e mais até que cobriu cada centímetro do meu corpo. Eu queria gritar, Sim! Eu quero você! Eu sempre quero você!

O coração de Bella batia furiosamente e em cada batida eu sentia que meu coração congelado estava sendo esfaqueado.

— Não. — Eu respondi.

Seu rosto estava distorcido pela dor. Ela olhou em meus olhos, procurando por algo. O que ela encontrou... eu não sei. Eu olhei para ela, incrédulo. Ela acreditou em mim. Eu podia ver nos olhos dela. Não! Não! Eu queria gritar para ela. Não acredite em mim!

Como poderiam todas as vezes que eu tinha dito a ela que eu a amava não terem significado nada? Será que ela não percebia o quanto ela significa para mim? Como se eu não tivesse sido suficientemente explícito em meus sentimentos por ela?

Eu quis estender a mão e tocá-la; derreter sob o seu toque e esquecer a dor excruciante que corria através de mim.

Bella poderia estar sangrando agora... mas isso iria desaparecer. O tempo curaria as feridas que eu tinha criado dentro nela. As minhas, porém, nunca cicatrizariam. As facadas ficariam gravadas em mim e continuariam a cortar para sempre. Bella tinha me alterado significativamente por toda a eternidade. Eu gostaria que houvesse alguma maneira de fazer com que ela soubesse o quanto eu realmente a amava. como sempre amarei.

— Bem, isso muda as coisas. — Bella falou com uma voz calma.

Olhei para dentro da floresta, desejando que eu pudesse fugir... mas eu devia a Bella uma explicação. Eu não podia simplesmente deixar as coisas por dizer, isso poderia causar-lhe mais dor e eu não queria fazer isso. Isso já estava me matando por dentro.

— Claro, eu sempre vou te amar... de alguma forma. Mas o que aconteceu na outra noite — Eu franzi as sobrancelhas com a memória. — Me fez perceber que é hora de mudar... Porque estou cansado de fingir ser algo que eu não sou Bella. Eu não sou humano.

Virei o meu olhar para trás para olhar para ela, para que ela pudesse ver as qualidades desumanas que eu tinha.

— Eu deixei isso ir demasiado longe e eu sinto muito por isso.

Eu estava realmente arrependido. Eu estava pesaroso por não ser digno dela, eu trocaria qualquer coisa que possuísse para ser humano e ainda assim eu ainda não seria digno de Bella, mas pelo menos, se ambos fossemos criaturas iguais, eu não precisaria partir.

— Não. — Ela sussurrou. Seu rosto estava completamente devastado, eu na conseguia olhar. A sua expressão de dor fez o meu corpo ficar tenso e vibrar como se fosse chorar. Eu desejava tomá-la em meus braços e afastar a dor.

— Não faça isso.

Eu olhei para ela com determinação. Eu queria voltar atrás. Como ela poderia acreditar em mim tão facilmente? Ah... como eu desejava poder ler sua mente. Eu estava desesperado para saber quais pensamentos estavam passando por sua mente.

Sendo um vampiro, eu era capaz de experimentar as emoções da mesma forma que um ser humano, mas era mais fácil ignorá-las... entretanto a aceitação de Bella da minha mentira causou uma sensação em meu corpo que me fez ter vontade de cair de joelhos e gritar em agonia.

Forcei-me a permanecer calmo enquanto dizia — Você não é boa para mim, Bella. — Invertendo as palavras que eu tinha dito a ela anteriormente. Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram. Eu não conseguia respirar... não sei há quanto tempo eu estava segurando a minha respiração até que Bella finalmente falou.

— Se... isso é o que você quer.

Baixei a cabeça, dando-lhe um aceno. Meu peito palpitava como o meu coração lascado. Não, não era isso que eu queria.

Porque ela não estava gritando, pedindo para eu não deixá-la? Sua aceitação era insuportável. A experiência era a mais angustiante que eu já tinha vivido. Eu não poderia imaginar nada pior em toda minha existência.

Eu tomei uma respiração rápida... o aroma de Bella queimou minha garganta novamente, enquanto o ar entrava no meu pulmão.

— Eu gostaria de pedir um favor, porém, se isso não for muito.

Um arrepio de preocupação subiu por minha espinha. Quem vai proteger Bella quando eu partir? Quem iria ampará-la quando ela tropeçar? Quem iria levá-la para a sala de emergência? O pensamento de Bella ser ferida despertou o meu instinto de abraçá-la e protegê-la. Segurei-me com todas as minhas forças.

— Qualquer coisa. — Ela prometeu.

— Não faça nada imprudente ou estúpido. Você entende o que estou dizendo?—

Ela balançou a cabeça como resposta.

— Eu estou pensando em Charlie, é claro. Ele precisa de você. Cuide-se - por ele. — E por mim, eu adicionei silenciosamente em minha cabeça.

— Eu vou. — Ela sussurrou, balançando a cabeça novamente.

Senti-me relaxar um pouco.

Enquanto ela vivesse e respirasse...eu poderia sobreviver.

— E eu farei uma promessa em troca. Prometo que esta será a última vez que você me verá. Eu não vou voltar. Não vou sujeitá-la a qualquer coisa como aquilo novamente. Você pode seguir com a sua vida sem nenhuma interferência minha. Será como se eu nunca tivesse existido.

Bella começou a tremer; seu ritmo cardíaco acelerado ecoando pela floresta quieta. Eu sorri fracamente para ela, a fim de aliviar o seu estresse.

— Não se preocupe. Você é humana... a sua memória não é mais do que uma peneira. O tempo cura todas as feridas para a sua espécie.

— E as suas memórias?

— Bem... — Fiz uma pausa. Não havia chance alguma de eu me esquecer. As memórias que eu tinha de Bella estariam sempre gravadas na minha mente.

— Eu não vou esquecer. Mas a minha espécie... nós nos distraímos facilmente.

Eu saí de perto da árvore que eu estava encostado, movendo-me para longe de Bella.

— Bom, é isso. Não vamos incomodá-la novamente.

Ela arregalou os olhos quando ela percebeu o que eu ainda não havia dito a ela.

— Alice não vai voltar. — Ela sussurrou em voz baixa.

Eu balancei a cabeça mecanicamente.

O coração de Bella tinha falhado uma batida. Não só eu estava me afastando de Bella, como também estava lhe tirando sua melhor amiga. Eu era um monstro insensível e frio!

— Não. Todos já partiram. Eu fiquei para lhe dizer adeus.

— Alice já partiu? — Ela perguntou incrédula.

— Ela queria dizer adeus, mas eu a convenci que seria melhor na fazer isso.

Bella parecia desorientada. Eu tinha que sair agora. Este era... o fim. Sem mais mentiras, sem mais - nós - . O amor estava perdido para sempre.

— Adeus, Bella. — Falei com o último fiapo de forças que tinha.

— Espere! — Ela chorou. Suas pernas balançam enquanto ela tentava chegar para até mim. Eu gentilmente agarrei seus os pulsos e os abaixei ao seu lado. Eu não seria capaz de deixá-la se ela me abraçasse. O toque da sua pele contra a minha enviava ondas de calor por todo meu corpo. Ela fechou os olhos enquanto se inclinava para baixo e eu dei um beijo em sua testa, respirando o seu perfume uma última vez.

— Cuide-se — Eu sussurrei.

Virei-me rapidamente e corri. Eu corri para a floresta a uma velocidade desumana. Corri por entre as árvores mais rápido do que eu pensava ser possível, como uma coisa vazia.

Corri quase em círculos para chegar de volta à casa da Bella. Ela tinha andado entre árvores e não podia me ver ou me ouvir entrando em meu carro e disparando. Meu peito vazio vibrava enquanto eu dirigia para fora dos limites da cidade, deixando meu coração destroçado para trás.

O adeus era para sempre. Mas, o meu coração seria o lugar aonde as memórias de Bella iriam sempre permanecer.

Um comentário:

  1. adorei, mas por favor coloquem o rexstante da história por favor

    rose
    beijos

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Voltarei tão rápido que você não terá tempo de sentir minha falta. Cuide de meu coração ele ficou com você!....

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